Se você pensa que, assim como muitas pessoas, as aves comem frutas e grãos no café-da-manhã, você está enganado. Longe de ser a refeição ideal do ponto de vista dos humanos, muitas vezes elas se voltam para uma outra massa: as fezes, sejam as próprias, ou de outros pássaros.
Como nada na natureza acontece de maneira aleatória, cientistas sabiam que esse hábito traria algum benefício para as aves. Agora, eles identificaram qual é em um estudo publicado na revista .
De acordo com a pesquisa, as fezes de pássaros fornecem nutrientes, energia e auxiliam na adaptação a ambientes quando elas estão se desenvolvendo.
Aves e sua microbiota intestinal
O estudo concluiu que o hábito de comer fezes, também conhecido como coprofagia, molda a microbiota intestinal das aves selvagens. Isso porque elas têm contato com nutrientes e microrganismos – especialmente as bactérias – de diferentes locais, tipos de alimentos e períodos do ano.
Dessa forma, o comportamento é especialmente importante para aves migratórias, que têm de se adaptar conforme mudam de ambiente. Geralmente, esses pássaros viajam longas distâncias e “fazem a transição entre estados metabólicos de jejum e abastecimento enquanto voam ao redor do mundo”, segundo o estudo.
Mas de maneira geral, o hábito de comer fezes auxilia todos os pássaros, já que permite que absorvam nutrientes perdidos ou deficientes. Contudo, há também o lado negativo desse hábito.
“Dependendo de sua faixa geográfica, comportamento e interações com outros animais e ambientes, as aves – especialmente as migratórias – podem espalhar eficientemente patógenos ao redor do mundo”, explica a Barbara Drigo, autora da pesquisa.
Além disso, comer fezes de pássaros também pode aumentar sua exposição a antimicrobianos, especialmente pesticidas e produtos de limpeza. Isso, por sua vez, pode levar à resistência antimicrobiana.
Fezes, sim, mas pão, não
Os benefícios de comer fezes para os pássaros explicam também o porquê muitos cientistas repreendem o hábito que pessoas têm de alimentá-los com migalhas de pão. De acordo com Drigo, esse alimento reduz a diversidade da microbiota intestinal das aves.
Já se elas recebem alimentos locais naturais, por exemplo, o trato digestivo se mantém mais saudável.