Por que a Austrália está vacinando coalas contra a clamídia?
Cientistas da Austrália estão em uma campanha acirrada contra a clamídia – não em humanos, mas em coalas. Agentes de proteção estão capturando esses animais ameaçados de extinção para vaciná-los contra a bactéria, antes de soltá-los de volta à natureza.
Nos humanos, a clamídia é a IST (Infecção Sexualmente Transmissível) mais comum do mundo. Se não tratada, pode causar infertilidade e aumentar o risco de outras doenças. Mas, nos coalas, os efeitos são piores. Quando não mata, a bactéria causa complicações graves aos marsupiais, como cegueira, infertilidade e danos urinários permanentes.
Entidades da Austrália estimam que até 50% dos coalas estejam infectados com a bactéria. O mais comum é que a transmissão aconteça via relação sexual entre animais adultos, mas também pode ocorrer de mãe para filho.
Isso porque, por um breve período, coalas bebês grandes demais para serem amamentados e pequenos demais para comer folhas de eucalipto, acabam se alimentando com as fezes da mãe. Ali, estão microrganismos que preparam o sistema digestivo para o futuro – mas também as bactérias que contaminam o filhote com clamídia.
“Está matando coalas porque eles ficam tão doentes que não conseguem subir em árvores para conseguir comida ou escapar de predadores”, explicou Samuel Phillips, microbiologista da Universidade de Sunshine Coast, que desenvolveu a vacina, à .
Ameaça de extinção
Além disso, os coalas fêmeas com clamídia se tornam inférteis, o que dificulta a reprodução da espécie que já está ameaçada de extinção — em pelo menos dois estados da Austrália.
Desastres naturais, como secas e incêndios florestais, estão entre os principais motivos para a deterioração populacional.
Assim como nos humanos, é possível tratar a doença com antibióticos. Mas essa solução não é muito prática para os coalas, uma vez que o medicamento pode perturbar o microbioma intestinal desses animais. Por isso a decisão de vaciná-los.