A pobreza tem um impacto profundo no acesso das crianças às vacinas. É o que afirma o recente “Situação Mundial da Infância 2023: Para Cada Criança, Vacinação” do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
O estudo revela que uma em cada cinco crianças de famílias pobres não recebeu nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana. Em famílias ricas, essa proporção é de uma para 20.
No Brasil, desde 2013, as regiões Norte e Nordeste têm ficado abaixo da média nacional de cobertura vacinal para imunizantes aplicados em crianças menores de 4 anos. A exceção foi apenas em 2022, quando o Nordeste conseguiu superar a média.
A falta de vacinação deixa as crianças mais suscetíveis a doenças graves como sarampo, poliomielite, coqueluche, meningite e hepatite. Isso contribui para o aumento do número de mortes infantis.
No Brasil, todas as taxas de cobertura vacinal infantil estão abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde desde 2016, apontou um levantamento do .
Uma análise do Observatório de Saúde na Infância, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que duas em cada três mortes de bebês com até 1 ano poderiam ser evitadas com ações como vacinação, amamentação e acesso à atenção básica de saúde.
De acordo com dados compilados pelo Observatório da Criança e do Adolescente, em 2021, o país registrou 21.052 óbitos por causas evitáveis nessa faixa etária. Deste total, cerca de 10 mil – quase a metade – ocorreram nas regiões Norte e Nordeste.
Como as vacinas podem reduzir desigualdades
O relatório da Unicef destaca que a vacinação das crianças tem amplos impactos além do ambiente familiar. Quando as crianças são imunizadas, suas famílias enfrentam menos dias perdidos de trabalho devido a doenças, o que contribui para a estabilidade financeira.
Além disso, as crianças que não faltam à escola têm a oportunidade de aprender e se desenvolver melhor. Um estudo na Índia mostrou que crianças totalmente vacinadas apresentaram melhoria de 6% a 12% em habilidades básicas de leitura, escrita e matemática.
Finalmente, quando as crianças crescem saudáveis, têm maior probabilidade de se tornarem adultos produtivos, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.
A Unicef aponta ainda que a imunização gera 26 dólares de retorno para cada dólar gasto com vacinas. Por isso, investir nas vantagens das vacinas é uma das melhores decisões que um país pode tomar para o futuro das crianças, conclui o relatório.