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Pesquisa encontra concentração de glitter em ostras e mariscos de SC

Pesquisa do IFSC encontrou glitter e microplásticos em todas as amostras de mariscos analisadas nas praias de Penha e Bombinhas, pólo do cultivo de frutos do mar no Brasil

Pesquisa encontra concentração de glitter em ostras e mariscos de SC

Imagem: Secretaria da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina/Reprodução

A presença de microplásticos, como o glitter, nos mares de Santa Catarina é mais comum do que se imagina. Uma pesquisa do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) encontrou esses pedaços de plástico “invisíveis” em todos os moluscos analisados. A ideia era identificar a incidência desses fragmentos na região.

Até o começo de junho, o grupo analisou cerca de 60 amostras de ostras e mariscos. “Todas as amostras que recebemos até agora tinham microplásticos”, a estudante do curso técnico em Recursos Pesqueiros, Letícia Furtado, que é uma das voluntárias do projeto. 

O glitter e microplásticos estavam em amostras de Penha e Bombinhas, dois pólos de cultivo de mariscos no estado. Segundo Furtado, a equipe identificou pelo menos sete microplásticos em uma amostra de ostra. Além disso, outros 13 estavam em uma amostra de mexilhão. 

“Os dois animais são filtradores. Eles acabam ingerindo o microplástico devido ao comportamento similar que esses resíduos têm do fitoplâcton, que é o alimento natural deles”, explica Furtado. 

Segundo ela, uma amostra que chegou logo depois do carnaval continha pontos de brilho facilmente identificáveis – um exemplo da poluição do glitter nos oceanos. 

Para o estudo, que começou em fevereiro, os pesquisadores coletam amostras de moluscos do mar e do ponto de venda. O objetivo é entender se a quantidade de microplástico encontrada nesses animais é diferente quando saem do mar e mais tarde, quando são manuseados, abertos e limpos para o consumo humano. 

Por isso, o objetivo da pesquisa é analisar amostras de mariscos em Penha e Bombinhas em cada uma das estações do ano. 

“Plástico continua sendo plástico” 

Microplásticos são fragmentos de plástico com nanômetros de diâmetro, geralmente invisíveis a olho nu. Mas, ainda assim, não deixam de ser prejudiciais ao meio ambiente, às espécies marinhas e também ao ser humano.

“O plástico num fragmento pequeno continua sendo plástico”, disse o professor Thiago Pereira Alves, que coordena o projeto, ao . “O plástico a gente não digere, ele pode passar pelo trato digestivo e, durante esse processo, pode liberar substâncias que podem ocasionar problema crônico de longo prazo”. 

Santa Catarina é o estado com quase metade da produção nacional de mexilhões, ostras e vieiras. Além de Bombinhas e Penha, as praias de Florianópolis e Palhoça também têm papel importante no cultivo de mexilhões. 

“Esses resultados mostram que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não está sendo eficiente. E que aquilo que não está sendo devidamente tratado vai parar no oceano”, afirmou Alves. “A ciência já sabe que nós consumimos plásticos e agora nós temos que avançar para tentar entender quais são as consequências disso”. 

Glitter biodegradável 

A preocupação com a poluição de microplásticos, em especial do glitter, na água e nos mariscos já fez com que estudantes do IFSC desenvolvessem uma , em 2019. 

Para a criação, os pesquisadores usaram a casca do arroz, um resíduo agroindustrial da região de Jaguará do Sul, cidade-sede do instituto. 

O resíduo foi escolhido porque não tem o descarte correto, uma vez que tanto a queima para geração de energia quanto a deposição desse material gera gases de efeito estufa. Hoje, já existem diversas marcas de glitter biodegradável no mercado – uma boa alternativa para evitar a poluição de microplásticos nos oceanos. 

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