Pesquisa da Unicamp e UFU mostra impacto da Covid no rastreamento de câncer
Os bloqueios impostos no início da pandemia de Covid-19 afastaram parte da população das clínicas e hospitais. Cirurgias eletivas, exames e outras consultas tiveram que ser deixadas de lado devido à emergência sanitária que se instaurou.
Agora, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), resolveram medir como estes cancelamentos ocasionados pela Covid afetaram o rastreamento do câncer de mama e colo de útero no Brasil.
Os cientistas focaram em casos de São Paulo, o estado mais populoso do país. Então, analisaram dados disponíveis no Datasus que compreendem de janeiro de 2017 até novembro de 2021. Os resultados foram publicados no .
De acordo com o estudo, 1.149.727 exames de papanicolau foram perdidos ou atrasados durante a pandemia. Para mamografias e conizações de colo de útero (biópsia), o número de exames perdidos ou atrasados foi de 713.616 e 2.693, respectivamente.
Os pesquisadores também detectaram uma queda nos tratamentos adjuvantes em pessoas com câncer de mama no estágio I e II. Isso significa que, após a retirada do tumor, menos pacientes seguiram com a radioterapia ou quimioterapia.
Ao mesmo tempo, o tratamento paliativo, aplicado quando não há mais possibilidade de tratamento curativo, foi oferecido com maior frequência, o que indica que mais pessoas estavam em fase avançada do câncer de colo de útero.
O Brasil não é o único país afetado pela pandemia. De acordo com o estudo, Canadá, Holanda, Alemanha, Itália, Reino Unido e Austrália também sofreram interrupções em seus programas nacionais de rastreamento de câncer.
Diante deste cenário, a equipe brasileira reforça a importância da criação de políticas públicas focadas em mitigar os efeitos de longo prazo da Covid-19 na mortalidade ligada ao câncer.