Butantan desenvolve pesquisas usando peixe-zebra como biomonitor da qualidade da água
Reportagem: Guilherme Castro/Instituto Butantan
O Instituto Butantan está desenvolvendo pesquisas utilizando como modelo o zebrafish (Danio rerio), conhecido como peixe-zebra ou paulistinha, para monitorar alterações químicas e biológicas em águas de bacias hidrográficas, represas e efluentes, inclusive provenientes de desastres ambientais. O acompanhamento é feito por meio de um teste de baixo custo, capaz de identificar visualmente alterações morfológicas em embriões de zebrafish e indicar se há ou não alta toxicidade na água analisada.
Com o objetivo de melhorar o processo de identificação de água imprópria para uso, os pesquisadores do Laboratório de Toxinologia Aplicada (LETA) do Instituto Butantan estão utilizando o teste de toxicidade aguda em embriões de zebrafish, modelo descrito nas (OCDE). O experimento é internacionalmente reconhecido e capaz de dar resultados precisos em até 96 horas.
Por que utilizar o zebrafish?
O zebrafish tem semelhança genética com seres humanos de até 70%. Em relação aos genes que causam doenças nas pessoas, a semelhança chega a ser de 84%. Essa homologia genética garante que algumas partes do corpo humano e do organismo do peixe sejam parecidas, como o sistema imune, o sistema nervoso e o coração. A equivalência serve como princípio de precaução durante as análises utilizando o peixe-zebra: se a toxicidade da água é suficiente para afetar o Danio rerio, é muito provável que ela também cause dano às pessoas.
Substituto dos modelos animais tradicionais (como ratos e camundongos), o paulistinha é adequado à pesquisa por possuir, além da compatibilidade com o ser humano, características fisiológicas durante o estágio larval que facilitam a análise científica – como o corpo totalmente transparente e a presença de órgãos iguais aos do estágio adulto.Outras vantagens são o baixo custo de produção dos testes que utilizam o peixe e sua alta reprodutibilidade: um único acasalamento de zebrafish adultos pode gerar 300 embriões, enquanto um camundongo pode gerar até 10 filhotes por parto. Diante desses ganhos, o uso do paulistinha como modelo experimental alternativo foi em outubro de 2022.