Ciência

Peixe cantor consegue atrair fêmeas com serenata subaquática

Novo estudo identificou que mesencéfalo é a área responsável pelo canto do peixe-marinheiro, o que aponta semelhança com humanos; ouça
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Não acontece apenas em desenhos animados. Nas profundezas do oceano, há uma espécie de peixe que é considerada tagarela por pesquisadores. Isso porque, com seu zumbido, ele se comunica de maneira subaquática.

Em um novo estudo sobre a espécie Porichthys notatus, conhecida como peixe-marinheiro, cientistas da Universidade de Cornell, nos EUA, descobriram que esses cantores marinhos estão usando a mesma parte de seus cérebros que os mamíferos usam para se comunicar.

Em geral, eles emitem sons quando estão afastando competidores. Mas também é certo que parte dos sons têm uma função de acasalamento, com objetivo de atrair uma companheira para o ninho. Ouça abaixo.

O papel do mesencéfalo

O mesencéfalo é um nó localizado no cérebro. Ele fica conectado ao córtex, aos gânglios da base, à amígdala e ao hipotálamo. Assim, age como um portal, ativando os músculos para executar as ações de diversos comandos.

“O mesencéfalo é uma parte incrível do cérebro porque aponta o quão essencial é – se você é um vertebrado – ter a capacidade de produzir sinais de comunicação sonora. Ponto”, explica Andrew Bass, autor do novo estudo.

Então, quando estudaram a atividade do mesencéfalo dos peixes-marinheiros, a equipe de pesquisa de Bass notou que os neurônios ativados na área eram distintos. Dessa forma, eles descobriram que os ruídos para cada função tinham padrões diferentes.

De acordo com o pesquisador, os sinais têm componentes de frequência e amplitude, o que faz com que os peixes juntem os sons de maneiras distintas. Não à toa, a espécie é conhecida por grunhir, rosnar e até mesmo cantarolar.

Semelhanças com humanos

Assim como nos peixes, o mesencéfalo também desempenha um papel central na comunicação de humanos.

“Nossas descobertas agora mostram que peixes e mamíferos compartilham nós funcionalmente comparáveis à PAG (substância cinzenta periaquedutal) que podem influenciar a estrutura acústica de sinais vocais específicos do contexto social”, disse Bass.

O estudo também identificou que lesões nessa parte específica do mesencéfalo chamada PAG causam mutismo em humanos. Isso, por sua vez, indica o papel essencial que a área desempenha na comunicação.

Agora, os autores do estudo esperam que suas descobertas permitam compreender um pouco mais sobre o controle vocal em mamíferos e outros animais.

“Estudamos os peixes em parte porque seus comportamentos são mais simples. E, portanto, acreditamos que podemos realmente chegar às características fundamentais que permitem que seus cérebros executem comportamentos bem-sucedidos”, explicam.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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