A “pausa” no aquecimento global nunca aconteceu de verdade
Além disso, publicado na Nature Climate Change usou dados observacionais e modelos para demonstrar o aumento do transporte de calor do Pacífico para o Índico ao longo da década passada. Pelo menos uma dúzia de outros estudos científicos chegaram à mesma conclusão: a forma como os oceanos da Terra processam o calor está mudando.
A camada superior de 100 metros do Oceano Pacífico foi resfriada, mas isso foi compensado com o aquecimento de camadas de 100 a 300 metros tanto no Pacífico quanto no Índico, que, juntos, representam 40% da superfície do nosso planeta.Esse novo estudo da Science, no entanto, é o primeiro a incluir uma análise compreensiva dos dados do mundo real coletados ao longo das duas últimas décadas. Da mesma forma que acontece em estudos de modelagem, as descobertas dos pesquisadores apontam para uma redistribuição do calor que está na superfície para o fundo do oceano. Juntos, os oceanos e a atmosfera da Terra continuaram absorvendo calor à mesma taxa desde 2003:
Estimativas observacionais oferecem um meio mais preciso de avaliar as mudanças da temperatura oceânica e mostram sinais claros de décadas que são robustos em todas as análises distintas e claramente significativa em relação a erros de observação. Nossas descobertas suportam a ideia de que a interação Indo-Pacífica na água superior (0 a 300 metros de profundidade) regulou a temperatura da superfície global ao longo das duas últimas décadas e pode ser totalmente responsabilizada pelo hiato recentemente observado. Além disso, como anteriormente mostrado em flutuações interanuais, o hiato de uma década iniciado em 2003 é resultado de uma redistribuição de calor pelo oceano, em vez de uma mudança na taxa de aquecimento líquido.
O debate científico sobre o aquecimento global acabou há muito tempo: em 2013, um relatório compilado por 259 cientistas de 39 países afirmava ser “extremamente provável” – com 95% de certeza – que o aquecimento global é causado pelo homem.
Equívocos sobre o “hiato”, no entanto, continuam dando corda para um debate político nem um pouco científico, que envolve parlamentares e governantes do mundo inteiro. Esperamos que, com a solução desse enigma, podemos deixar isso de lado e nos preparar para reduzir as emissões de combustíveis fósseis e também para um futuro mais quente.
Foto por /Flickr; imagens por NASA Earth Observatory