Não é novidade que muitos animais têm características especiais para atrair um parceiro para o acasalamento. Entre os pássaros, isso também acontece: a ciência já sabe há algum tempo que alguns deles desenvolvem áreas do seu cérebro que controlam o canto quando estão neste período.
Agora, um novo descobriu que uma espécie de pardal (Zonotrichia leucophrys gambelii) faz isso em uma escala completamente impressionante. De acordo com a pesquisa, a área chamada de HVC (hyperstriatum ventral pars caudalis) praticamente dobra o número de neurônios durante a temporada de acasalamento.
Entenda a pesquisa
A fim de mensurar o crescimento e encolhimento do cérebro do pardal macho, pesquisadores marcaram células dentro e ao redor da área chamada HVC. Para isso, eles utilizaram uma molécula cujo nome é bromodeoxiuridina (BrdU), que pode ser incorporada ao DNA de células em divisão.
Então, os cientistas simularam o período de acasalamento do pássaro por meio de suplementos hormonais. Dessa forma, notaram que a região HVC cresceu de cerca de 100 mil neurônios para quase 170 mil.
Além disso, o hipocampo também também gerou novas células cerebrais nesse momento. Esta outra região do cérebro é importante porque guia os pássaros durante a migração que eles fazem para acasalar.
Quando a temporada de acasalamento simulada terminou, os pardais rapidamente perderam um grande número de neurônios. Analisando as células marcadas com a molécula BrdU, os pesquisadores descobriram que elas passam a se dividir em astrócitos.
Essas células cerebrais são responsáveis por regular algumas funções dos neurônios. Então, quando parte deles morre após o acasalamento, os astrócitos limpam a “bagunça” e morrem neste processo.
Geralmente, quando áreas do cérebro aumentam ou diminuem, o órgão pode ser prejudicado – ao menos na maioria dos animais. Isso porque o crescimento causa uma inflamação, aumentando a pressão dentro do crânio. Mas os pardais conseguem fazer isso sem prejuízos.
A aposta dos pesquisadores é de que o pássaro aloca espaços em seu cérebro de acordo com qual região ele precisa utilizar naquele momento. Dessa forma, o órgão vai se encaixando dentro do crânio, sem se apertar.
O avanço na ciência
Os cientistas apresentaram o estudo na reunião anual da , que aconteceu em Washington DC, nos EUA. Agora, eles esperam que suas descobertas um dia apontem caminhos para tratar anomalias no cérebro humano.
Os pesquisadores acreditam que o ciclo de crescimento e degeneração cerebral dos pardais pode fornecer um modelo para estudar a depressão em outros animais, incluindo humanos.