Focar em comer saudável parece uma coisa boa, certo? Nem sempre! Em tempos de valorização da cultura da dieta, as pessoas podem se perder em restrições alimentares sem embasamento — científico ou recomendação médica, por exemplo. Quando comer saudável se torna uma obsessão, uma pessoa pode ter ortorexia.
Em um , pesquisadores espanhóis apontaram que cerca 3 em cada 10 participantes tinham a condição. No entanto, muitas vezes a ortorexia passa despercebida ou é subestimada. É aí que ela se torna exatamente o oposto do que pensa seu portador: em vez de uma vida com saúde, ele está prejudicando seu corpo e sua mente.
Sobre a ortorexia
Na literatura científica, a é conhecida como um comportamento obsessivo patológico caracterizado pela fixação por saúde alimentar. Em geral, isso significa uma fixação por comer de maneira saudável.
Na prática, o comer bem consiste em um conjunto de regras que dependem de cada pessoa e do contexto em que vivem. Por exemplo, algumas pessoas priorizam a origem dos alimentos – se são orgânicos, locais e não foram geneticamente modificados.
Há quem também considere alimentos saudáveis aqueles ricos em proteínas e com baixo teor de açúcar e gordura. A lógica não necessariamente segue o que diz o , por exemplo, referência de alimentação saudável no Brasil e no mundo.
Por se tratar de um comportamento obsessivo, o que de início parece ser a busca por comer bem se torna algo que na verdade faz mal ao organismo. Claro, não é ruim querer comer uma salada, mas o problema surge quando você acha que só pode comer salada.
Geralmente, pessoas com ortorexia tendem a crescer a lista de alimentos ruins, considerados não saudáveis. Dessa forma, o hábito passa a ser uma dieta restritiva, que gera o sentimento de ansiedade.
Assim, além da busca incessante por uma alimentação saudável e as restrições que isso pode causar na vida de uma pessoa, a ortorexia também se apresenta em sinais como:
- Exclusão de alimentos ou grupos de alimentos da rotina sem qualquer razão médica;
- Tempo excessivo gasto pesquisando ingredientes e planejando o que vai comer;
- Evitar reuniões sociais onde haja comida;
- Culpa ou ansiedade em relação a alimentos “não saudáveis”;
- Dificuldade em se concentrar em coisas além da comida;
- Perda excessiva de peso, deficiências nutricionais, anemia ou desequilíbrios hormonais;
- Depressão, ansiedade, isolamento social ou dificuldade nos relacionamentos.
Além disso, algumas pessoas também podem relacionar a imagem corporal ao quão rigorosamente seguem suas regras alimentares.
Transtorno alimentar
Por enquanto, a ortorexia não foi oficialmente reconhecida como um transtorno alimentar. No entanto, pesquisadores e profissionais da saúde discutem o conceito, suas características, interações e sintomas.
A ortorexia tem fundamentos semelhantes a outros transtornos alimentares. Há uma predisposição genética que, quando combinada a fatores ambientais, pode fazer com que um indivíduo esteja mais vulnerável ao seu desenvolvimento.
Dessa forma, a ortorexia pode se transformar em outros transtornos como bulimia ou anorexia nervosa da mesma maneira que essas condições podem levar à ortorexia. Além disso, pessoas predispostas à ansiedade, perfeccionismo ou transtorno obsessivo-compulsivo também podem ser vulneráveis à condição.
Contudo, muitas pessoas aplaudem o comportamento, pela falta de compreensão da população sobre a ortorexia. Apenas quando as restrições são muito graves e a pessoa já se afastou de seus círculos sociais a condição fica perceptível aos outros.
Em geral, pessoas com ortorexia devem se encontrar com uma equipe que inclui terapeutas e nutricionistas, semelhante aos pacientes em tratamento para outros transtornos alimentares. Mas há ainda a etapa de reformular suas ideias em torno do que é saudável, o que é um desafio.