O mês de novembro chegou e mais uma Black Friday bate à porta. Novamente, é aquele momento do ano em que a caixa de e-mails fica cheia de mensagens de promoções e que as pessoas dedicam um tempo analisando listas de produtos – por vezes, colocando vários itens no carrinho de compras.
Embora o período seja proveitoso para muitos comerciantes e compradores, esse é um momento complexo para parte da população. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de , um transtorno caracterizado pela compulsão por compras.
No Brasil, a condição atinge cerca de 3% da população. De modo geral, a oniomania afeta mais as mulheres — que são mais de 80% dos compradores compulsivos.
Além disso, o transtorno costuma aparecer por volta dos 18 anos, segundo uma pesquisa publicada na .
Oniomania x vontade de comprar
Muitas pessoas provavelmente têm a mesma sensação de satisfação ao fazer compras. Isso porque, ao adquirir algo desejado, há liberação de neurotransmissores no organismo, que proporcionam prazer e bem-estar.
Isso é normal, mas apenas quando acontece pontualmente. Entre os compradores compulsivos, isso se torna uma prática comum. Comprar vira sinônimo de bem-estar instantâneo — sensação essa que só dura o suficiente para embasar o impulso da compra.
O prazer não se mantém ao receber o produto – na oniomania, vale mais o clique selando a aquisição do que o objeto em si. Por isso, a pessoa pode comprar qualquer coisa que surja pela frente.
Dessa forma, adquirir algo funciona como uma válvula de escape, camuflando sentimentos ruins. Isso, por sua vez, gera um ciclo vicioso.
O que diferencia uma pessoa que gosta de comprar e um comprador compulsivo é a sensação de culpa após a aquisição e acúmulo de produtos repetidos e inúteis. Isso também inclui a vergonha do ato de comprar e o descontrole financeiro.
E a Black Friday?
Nesse sentido, a Black Friday oferece uma ilusão para os compradores compulsivos: com descontos, o peso da ação fica um pouco menor. E se, mesmo sem estímulo, os oniomaníacos já compram sem pensar, com incentivo constante, resistir é muito difícil.
Por isso, é preciso buscar mecanismos e ajuda profissional para evitar a compulsão de gastar dinheiro em excesso, sem precisar (ou, até mesmo, sem ter condições de bancar as despesas).
É possível aproveitar a Black Friday garantindo os descontos apenas naquilo que é necessário. Abaixo, veja algumas dicas de como fazer isso.
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Faça uma lista do que você precisa
Eletrodomésticos, roupas, acessórios… confira tudo que você realmente precisa repor em sua casa. Também é bom conhecer algumas opções de marcas que oferecem esses produtos.
Dessa forma, você consegue focar seu monitoramento apenas nos itens essenciais e não se deixa levar por outras promoções que aparecem no caminho.
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Defina um orçamento para gastar durante a Black Friday
Se você já fez uma lista de quais produtos precisa comprar, então também consegue estimar o quanto eles vão demandar de dinheiro. Avalie sua capacidade financeira no momento para saber qual desconto vale a pena para você, além de identificar quais as melhores formas de pagamento.
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Descadastre-se de e-mails promocionais
É difícil resistir à compulsão de comprar algo se você está o tempo todo recebendo alertas em seu celular e computador. Por isso, cancele a inscrição nas mensagens de promoção por e-mail ou aplicativos de conversa.
Evite também ficar navegando em sites de lojas virtuais – se permitindo apenas acessar aqueles dos produtos que você precisa comprar. Se necessário, diminua o uso de redes sociais também, porque elas estão cheias de anúncios camuflados em posts.
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Ignore a urgência
A sensação de que a compra deve ser feita instantaneamente é comum durante a Black Friday, uma vez que as pessoas ficam com medo de perder uma boa oferta. Contudo, para evitar uma compra impulsiva, deixe o produto no carrinho e não finalize a aquisição.
Espere um tempo ou converse com alguém para saber se o desconto vale a pena e também para repensar se aquilo é mesmo necessário na sua vida.
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Busque ajuda de um profissional da saúde mental
A oniomania é um transtorno psíquico que ainda não está na CID (Classificação Internacional de Doenças). Contudo, seu tratamento deve ser igual ao de outras compulsões que já foram classificadas pelo manual, como o vício em jogos.
De modo geral, compradores compulsivos devem buscar ajuda de algum profissional da saúde mental para realizar um acompanhamento do quadro. Por vezes, pode ser necessário o tratamento medicamentoso.
No entanto, não há remédios específicos para a oniomania, mas sim para a ansiedade, depressão e outras condições psiquiátricas que estão associadas a este transtorno.