Ciência

Ondas de calor brandas matam mais que as mais intensas, diz estudo

De acordo com cientistas, elas são mais frequentes e, por isso, mais letais que as ondas de calor com temperaturas mais altas. Confira a pesquisa
Imagem: Lucian/ Unsplash/ Reprodução

Em 2023, o Brasil enfrentou ao longo do ano. No mundo, países como e também passaram por períodos de temperatura acima do normal. 

De acordo com a WMO (World Meteorological Organization), uma consiste em um episódio de temperaturas altas que se acumulam durante dias e noites. Isso pode variar de um lugar para o outro. 

Por exemplo, na Suécia a classificação de uma onda de calor leva em consideração um episódio de temperaturas acima de 25°C por pelo menos cinco dias consecutivos. Já na Índia, o termômetro tem que exceder 40°C em terrenos baixos ou 30°C em regiões montanhosas.

Como resultado, as ondas de calor podem causar o aumento da mortalidade humana. Agora, diferente do que se pensava, pesquisadores descobriram que os episódios mais leves tendem a trazer mais risco de morte às pessoas que aquelas ondas de calor mais intensas.

As ondas de calor mais extremas têm maior impacto de curto prazo na mortalidade. E são as ondas de calor mais amenas que matam a maioria das vidas ao longo do tempo. Isso ocorre porque as ondas de calor mais brandas são mais comuns. Isso é de acordo com um novo estudo publicado no Environment International que mapeou os riscos à saúde das ondas de calor na Índia.

Entenda a pesquisa

“Queríamos descobrir quanto o risco de morte aumenta durante as ondas de calor”, disse Jeroen de Bont, autor do estudo que foi publicado na revista . Na pesquisa, ele e sua equipe estudaram os efeitos das ondas de calor na Índia.

Para isso, examinaram a mortalidade excessiva em dez cidades que fazem parte de zonas climáticas diferentes. Os dados coletados compreendem o período entre entre 2008 e 2019. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram mostrar como a mortalidade varia com a temperatura.

Em geral, as ondas de calor que foram mais quentes do que 99% dos dias e duraram pelo menos cinco dias aumentaram a mortalidade em mais de 33%. Já aquelas que foram mais quentes que 95% dos dias e duraram apenas um dia aumentaram menos a mortalidade, em pouco mais de 10%.

Contudo, as ondas de calor mais brandas são ainda mais mortais. De acordo com os pesquisadores, isso acontece porque elas são muito mais comuns. 

“No final, as mais extremas acabaram causando o menor número de mortes porque eram raras. Uma consequência disso pode ser que os avisos de calor precisem ser acionados em limiares de temperatura mais baixos para proteger mais pessoas”, alertou De Bont.

Dessa forma, os cientistas afirmam que governos e outras partes interessadas precisam entender e se planejar melhor para todas as intensidades do fenômeno.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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