“O Sabor da Vida”, com Juliette Binoche, transforma comida em arte; veja crítica
Premiado em Cannes por Melhor Direção em 2023, novo filme da atriz Juliette Binoche, um romance dramático francês com o vietnamita Tran Anh Hung dirigindo, “O Sabor da Vida”, estreia no Brasil na próxima quinta-feira (11). O Giz Brasil já assistiu ao longa e traz algumas considerações. Confira abaixo:
Segundo a sinopse, “O Sabor da Vida”, ambientado no século 19, retrata o relacionamento entre a talentosa cozinheira Eugenie (Binoche) e o famoso gourmet Dodin (Benoît Magimel), para quem ela trabalha há 20 anos.De cara, é possível garantir que o filme irá agradar os amantes de comida – mas não só eles. “O Sabor da Vida” oferece uma experiência sensorial incrível, estimulando os sentidos dos espectadores através das cenas de preparo de diversos pratos e sons da cozinha de Eugenie.
É necessário, no entanto, ter paciência: em suas duas horas e 15 minutos, o filme pouco varia de cenários e assuntos, já que Eugenie e Dodin estão frequentemente à frente do fogão ou da mesa. A introdução do longa, aliás, é uma prova disso, com diversos minutos de pouco diálogo e muito som de comida na panela (quase um AMSR!).
Comida e relações humanos são o centro de “O Sabor da Vida”
Diferente de outras produções sobre o tema, “O Sabor da Vida” — uma tradução extremamente apropriada para o título — não é sobre chefs de cozinha bravos ou competitividade no meio. É sobre o afeto que está presente no preparo e na degustação de um alimento. O que é bem representado pelo vínculo entre o casal principal. A química entre os dois não é puramente fictícia. Binoche e Magimel tiveram anteriormente um relacionamento de cinco anos fora das telas, e têm juntos uma filha.
Ao mesmo tempo sensual e refinado — é um filme francês, afinal –, o longa exibe, além da bela fotografia, uma delicadeza ao ligar a culinária à vida humana na Terra. E não é exagero dizer isso. Aqui, tudo é sobre comida, sua história e efeito sobre as pessoas. Desde Adão e Eva — e a maçã — até o casamento, que é comparado a um “jantar que começa pela sobremesa”.