O que se sabe do esqueleto de até 12 mil anos achado em Goiás
Um esqueleto encontrado no sítio arqueológico de Serranópolis, no sul de Goiás, pode ser o mais antigo de que se tem notícia na região Centro-Oeste – e deve dar pistas sobre como se deu a ocupação humana no Brasil. A descoberta foi divulgada na última segunda (8), pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás.
O fóssil pode ter até 12 mil anos. Esta é uma estimativa baseada na idade do carvão que estava próximo aos pés do esqueleto – e, provavelmente, é resquício de uma fogueira. As amostras analisadas do material têm entre 11.930 e 11.756 anos. Além disso, junto ao fóssil, os pesquisadores também encontraram uma ferramenta feita de pedra.
O próximo passo dos pesquisadores é submeter o próprio esqueleto a para ter certeza de sua idade. Segundo a PUC-Goiás, isso acontecerá em Miami, nos Estados Unidos.
Sabendo a idade do esqueleto, os pesquisadores poderão obter pistas sobre como viviam as pessoas na época do fóssil, o que comiam e como era o clima na região. Posteriormente, análises ainda podem indicar a possível causa da morte do indivíduo.
Descoberta de esqueleto é inédita na região
Os primeiros indícios do esqueleto apareceram em outubro de 2022, porém, os restos mortais só foram escavados em março deste ano. A descoberta é de uma equipe com mais de 20 pesquisadores da PUC e outras sete instituições nacionais e internacionais, que começaram as escavações em outubro de 2021.
Eles estão investigando uma área de 9 metros quadrados, e o esqueleto apareceu a 1,9 metro de profundidade. Contudo, em setembro de 2022, os pesquisadores a descoberta de dez crânios no mesmo local. Eles estavam a 60 centímetros de profundidade e são mais recentes – têm cerca de 1,6 mil anos. A descoberta também foi inédita para a região.
Uma nova etapa de escavação deve acontecer entre agosto e setembro deste ano, quando os pesquisadores vão cavar mais um metro procurando fósseis e artefatos. Segundo a equipe, existe a possibilidade de se encontrar cultura material, restos alimentares, estruturas de fogueiras e até outros esqueletos.
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) considera o complexo arqueológico de Serranópolis como um dos mais importantes do Brasil. Populações de caçadores-coletores e agricultores-ceramistas ocuparam mais de 30 sítios em Serranópolis, além de terem deixado mais de 1,5 mil pinturas rupestres em abrigos rochosos.
O local é uma referência para se entender a história do povoamento do cerrado brasileiro. Pesquisas anteriores encontraram indícios para a ocupação na região há aproximadamente 11 mil anos.
O sítio em que se encontrou o esqueleto é objeto de estudo desde a década de 1970. Segundo Julio Cezar Rubin de Rubin, professor da PUC-Goiás que coordena as escavações, mais de 80 mil artefatos ainda desconhecidos na região.