O Google tem a sua própria ferramenta de inteligência artificial (IA) generativa, o Bard, que tenta rivalizar com o Bing, da Microsoft, e com o popular ChatGPT, da OpenAI. Desde a madrugada desta quinta-feira (13) é possível usar a plataforma em português brasileiro.
O chatbot responsivo do Google já estava disponível para testes em inglês nos EUA e Reino Unido desde março. Com a nova atualização, o Bard fica disponível em 40 idiomas, lista que inclui árabe, chinês, alemão e espanhol. Nos próximos meses, a ferramenta deve chegar a 180 países.
Chatbots responsivos são inteligências artificiais baseadas em texto, capazes de interagir com o usuário a partir de perguntas e respostas. E de entregar conteúdos mais próximos da expectativa de quem está perguntando, considerando fatores como histórico de busca, localização, idade e etc.
Ainda que o Bard não tenha começado lá muito bem, com falhas na sua apresentação inicial, o Google agora trabalha para expandir os limites do chatbot, melhorando seu uso em pesquisa e sua integração com diferentes plataformas – como o Docs, Maps, Google Photos e Gmail, por exemplo.
Como o Bard foi desenvolvido
Apesar de o Bard ainda não ter substituído oficialmente o Google Assistant, ele é um assistente de IA muito mais poderoso. Isso porque a plataforma é baseada no próprio LLM (Large Language Model) do Google, conhecido como LaMDA (Language Model for Dialogue Applications).
Como o GPT-3.5 da OpenAI, o modelo por trás do ChatGPT, os engenheiros do Google treinaram o LaMDA em centenas de bilhões de parâmetros, permitindo que a IA “aprenda” a linguagem natural por conta própria. O resultado é um chatbot que pode responder a qualquer pergunta com uma linguagem surpreendentemente natural e coloquial.
O LaMDA foi originalmente anunciado no Google I/O em 2021, mas permaneceu como um protótipo e nunca foi lançado ao público. Assim que o ChatGPT foi lançado no final de 2022, no entanto, o Google agiu rapidamente para lançar um chatbot com tecnologia LaMDA que poderia competir. O Google Bard foi anunciado pela primeira vez em fevereiro de 2023.
De olho na concorrência
Embora replique muito do que o app da OpenAI faz, o Bard já ganhou atualizações significativas que o levam além do que o ChatGPT pode fazer. Com as falhas iniciais, o longo período de testes e o atraso no lançamento oficial da plataforma, o Google ganhou tempo para estudar a concorrência e mapear pontos onde poderia haver melhorias.
Na verdade, o aplicativo segue sendo aperfeiçoado. O Google ainda é taxativo ao dizer que o seu chatbot está em período de testes – o que implica que ele deve ser aprimorado e ganhar atualizações para corrigir bugs ou respostas atravessadas do robô interativo. Essa postura de admitir que a ferramenta ainda está em desenvolvimento é uma forma de se blindar de eventuais erros que surjam da interação com a plataforma.
Entram aqui, por exemplo, o que o Google chama de “vieses”, como a replicação de estereótipos ou até preconceitos que aparecem em textos da internet. E também as famigeradas “alucinações de IA” que chatbots como o ChatGPT e Bing por vezes caem. Isso acontece quando os apps inventam informações e fontes que podem parecer realistas, mas que não existem ou não estão ancoradas em fatos.
Entre tropeços e avanços, a ferramenta já melhorou em diversos aspectos. Quando foi exibido pela primeira vez em 6 de fevereiro de 2023, o Google Bard cometeu uma “gafe” ao responder a uma pergunta sobre as recentes descobertas do Telescópio Espacial James Webb. Ele alegou ter sido o primeiro a tirar uma foto de um exoplaneta fora do nosso sistema solar, mas, na verdade, isso aconteceu muitos anos antes.
O fato de o Bard ter exibido essas informações erradas com tanta confiança causou fortes críticas à plataforma, fazendo comparações com alguns dos pontos fracos do ChatGPT. Como resultado, ações da controladora perderam mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado.
Tanto o Google Bard quanto o ChatGPT usam modelos de linguagem natural e aprendizado de máquina para criar seus chatbots, mas cada um tem um conjunto diferente de recursos. Até o momento, o app da OpenAI é inteiramente baseado em dados coletados principalmente até 2021. Já o Bard tem o potencial de usar informações atualizadas para suas respostas e pode pesquisar livremente na Internet quando solicitado.
Como ele está conectado diretamente à Internet, você também pode clicar no botão “Google it” para obter pesquisas relacionadas. Essa é uma grande vantagem que o Bard tem sobre o ChatGPT. A atualização que liberou o Bard no Brasil trouxe também novos recursos da ferramenta. A possibilidade de mostrar um histórico de conversas recentes, leitura em voz alta, novas opções para exportar código e para compartilhar conteúdo são algumas das novidades.
Como usar o Bard em português
Para usar o Google Bard, basta acessar o . Como todos os produtos do Google, ele exigirá que você faça login com sua conta do Google. Você também precisará concordar com os termos de serviço, mas depois de clicar, poderá começar a usar o Google Bard rapidamente. Como o ChatGPT, o Bard é basicamente apenas um campo de texto vazio, que diz “Digite uma pergunta ou comando”. Digite suas instruções ou pergunta e o chatbot fornecerá uma resposta.
Além do básico, o Google Bard possui alguns recursos importantes que o diferenciam de outros chatbots. Primeiro, você verá que, a cada resposta, Bard também lhe dá dois outros “rascunhos” da mesma resposta. Basta clicar em “Ver outros rascunhos” para acessar as outras respostas.
O que dá para fazer com o Bard
Segundo o Google, o chatbot responsivo deve funcionar como um complemento para o seu já consagrado buscador. Baseado em IA generativa, a ferramenta vai ser capaz de se adaptar melhor às demandas de usuário, entendendo melhor a sua jornada de buscas.
Planejar uma viagem, estudar sobre um tema específico retomando as buscas de onde parou, receber dicas para melhorar a produtividade, organizar informações em tabelas (e, no futuro, gráficos), resumir conteúdos, escrever e-mails chatos, aprender a fazer alguma receita. É possível pesquisar usando imagens, via Google Lens. E também fazer pesquisas por voz, clicando no clássico ícone de microfone.
A funcionalidade de codificação, que permite o uso da ferramenta para programação, foi lançada em abril. Em maio, passou a ser possível usar o Bard para fazer resumos e citações, além da possibilidade de receber imagens nas respostas. Em junho, a ferramenta ganhou acesso a localização (o que pode refinar os resultados), atualizações matemáticas e a possibilidade de exportar para planilhas.