O mapa mundi do cocô nos oceanos

Cientistas analisaram a qualidade da água em 135 mil bacias hidrográficas pelo mundo: 25 delas respondem por quase metade do nitrogênio liberado no oceano
Mapa cocô
Imagem: Plos One/Reprodução

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos EUA, mapearam as principais regiões do globo afetadas por esgoto.

Essas áreas são portas de entrada de nitrogênio e agentes causadores de doenças no oceano, que representam riscos para a saúde humana e para a biodiversidade marinha.

De acordo com os pesquisadores, o esgoto humano é responsável por despejar 6,2 milhões de toneladas métricas de nitrogênio nos ecossistemas costeiros todos os anos.

Cerca de 63% desse nitrogênio vem de sistemas de esgoto tratado, enquanto 5% é proveniente de sistemas sépticos –as chamadas “fossas”, unidades de tratamento geralmente usadas na zona rural ou áreas habitadas isoladas. 

Os 32% restantes podem te deixar com um pé atrás em relação às praias.

Esta porcentagem é proveniente de resíduos humanos que não passaram por tratamento –ou seja: menstruação, cocô, xixi, entre outros fluidos.

Para elaborar o “mapa de cocô”, os pesquisadores analisaram a qualidade da água em 135 mil bacias hidrográficas em todo o mundo. O estudo completo foi publicado na revista científica .

Apenas 25 bacias hidrográficas são responsáveis por quase metade de todo o nitrogênio liberado no oceano. Estas estão localizadas principalmente na Índia, Coreia e China.

Veja o mapa abaixo. Em verde e azul estão as principais fontes, e em tons de amarelo e roxo onde há mais esgoto acumulado.

Mapa cocôMapa global das fontes terrestres (verde a azul) e difusão costeira de insumos (amarelo a roxo) de nitrogênio total das águas residuais, medido em log10(gN). Imagem: Plos One/Reprodução

Os cientistas também mostraram que China, Índia e alguns países africanos ainda enfrentam a falta de tratamento de esgoto com riscos para a saúde humana. Sem falar nos efeitos para a vida marinha, já que as altas concentrações de nitrogênio no oceano podem proliferar as algas nocivas. Isso tem como consequência a eutrofização do ambiente: a água fica turva e com baixos níveis de oxigênio, prejudicando ecossistemas marinhos.

O estudo aponta Gana, Kuwait, Índia, Nigéria e China como grandes pontos de exposição às algas marinhas. Você pode navegar pelo mapa clicando .

Os cientistas pretendem fazer mais estudos para refinar suas estimativas. De toda forma, o mapa já indica áreas que merecem maior atenção das autoridades. Assim, é possível organizar estratégias para evitar impactos do esgoto no ambiente e na saúde humana.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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