Copa do Mundo e música dão jogo? Depende. Há desde músicas-tema que são pegajosas pelo resto da vida como “Pra Frente, Brasil”, de 1970, até craques que fizeram história jogando que se arriscam a cantar com resultados sonoros previsivelmente deprimentes. Aqui vamos a um levantamento que forma um hit parade musical dos mundiais.
Craques cantores
Como em quase tudo relacionado a Copa, Pelé é o cara. Não que ele seja um talento musical não reconhecido. Seus dotes como cantor e compositor são bem limitados. Mas, sendo quem é, conseguiu mais destaque que outros colegas de profissão.
Em 1969, Pelé teve a honra de compor e gravar com a cantora Elis Regina, uma das melhores vozes da história da música brasileira. Saíram dois compactos, “Tabelinha” e “Perdão, Não Tem”.
Em 1977, gravou um LP com o tecladista brasileiro Sérgio Mendes, radicado nos EUA desde os anos 1960 e popular por lá. A aventura teve como destaque o compacto “Meu Mundo É uma Bola”.
Outros gênios do futebol se arriscaram diante do microfone. O holandês Johan Cruyff, gênio da Copa de 1974, lançou em 1969 uma musiquinha chamada “Oei Oei Oei”.
O alemão Franz Beckenbauer gravou dois compactos em 1966-67. Seu compatriota Gerd Müller, maior goleador de todas as Copas entre 1974 e 2006 com 14 gols, se esbaldou com algumas músicas como “Raba da da” (1967) e “Dann macht es Bumm” (1969).
O húngaro Puskas, fenômeno da Copa de 1954, jogou muitos anos pelo Real Madrid e se naturalizou espanhol para jogar a Copa de 1962. Já quase encerrando a carreira, ele lançou o EP de seis faixas “Puskas Canta Canciones Populares de Hungria” em 1965.
O italiano Paolo Rossi, carrasco do Brasil na Copa de 1982, teve seu momento no holofote com o compacto “Domenica Alle Tre”.
Elías Figueroa, o zagueiro que virou mito no Internacional de Porto Alegre nos anos 1970 e jogou pelo Chile as Copas de 1966, 1974 e 1982, lançou no Brasil um compacto independente em 1975, com as faixas “E um Vazio Ficou” e “Tristeza y Soledad”.
Zico não foi tão ousado em gravar sozinho, mas fez um compacto com o cantor Fagner em 1982 com a música “Batuquê de Praia”.
Seu colega de Flamengo e Seleção Brasileira, o maestro Júnior, se deu muito melhor. Seu compacto “Povo Feliz”, que ficou mais popularmente conhecido como “Voa, Canarinho”, fez um sucesso estrondoso em 1982. E foi a coisa mais próxima de um tema de Copa realmente popular no Brasil como “Pra Frente, Brasil”, de 1970.
Marinho Chagas, o lateral-esquerdo do Brasil na Copa de 1974, foi um ídolo nos anos 1970 que a gente nem tem mais noção hoje. Em 1977, ele realizou sua fantasia de ser cantor com o compacto “Eu Sou Assim”. Teve até clipe no “Fantástico”, da Rede Globo, algo que significava muito na época.
E o Doutor Sócrates teve seu capricho de tentar uma carreira musical com um LP em 1979, cantando clássicos da música caipira. Não tem como não reconhecer que a voz grave e de afinação aflitiva do capitão do Brasil na Copa de 1982 não combinava bem. Pelo menos ele fez.
Temas de seleções
No Brasil, a clássica “A Taça do Mundo É Nossa”, hoje considerada o tema da Copa de 1958, só foi feita depois da conquista do título. Já “Pra Frente, Brasil”, composta em 1970 pelo compositor Miguel Gustavo, realmente foi feita previamente para embalar a torcida. Tornou-se um clássico pelo resto da vida.
Para 1974, o conjunto Os Incríveis lançou o “tema oficial” para a torcida brasileira, “Cem Milhões de Corações”. Apesar de seu uma boa banda de rock brasileiro, eles ficaram marcados pela música “Eu Te Amo, Meu Brasil”, de 1970, quase um hino da ditadura no período do general-presidente Emílio Médici.
“Cem Milhões de Corações” fez um sucesso razoável. Mas é mais lembrada pela versão sátira quando a Seleção de Zagallo se afundou no mundial. “Todo mundo de porrete na mão / Esperando o ‘seu’ Zagallo descer do avião”.
A Inglaterra teve uma música-tema histórica. Em 1990, a brilhante banda New Order, no auge da fama e criatividade, fez a canção para o British Team, “World in Motion”. Caso raro de alta criatividade e talento a serviço de uma Copa.
A histórica banda punk Sham 69 registrou seu incentivo à seleção inglesa em 2006 com o single “Hurry up England”.
Antes, jogadores da seleção inglesa já tinham gravado em coro os compactos “Back Home” (1970) e “This Time (We’ll Get It Right)”
Na Jamaica em 1998, vários compactos foram lançados em louvor à seleção. Como “Reggae Boys”, de Errol Blackwood.
Temas de Copas
Músicas-tema de mundiais nem sempre são populares, mas estão lá. A primeira que se tem notícia é “VM Marsch”, da Copa de 1958 na Suécia.
Em 1962, uma banda de rock chilena chamada The Ramblers gravou “El Rock del Mundial”, com o refrão “Gol, gol de Chile!”.
O tema do mundial na Argentina foi composto por ninguém menos que o italiano Ennio Morricone, mestre das soturnas trilhas sonoras de clássicos do “spaghetti western”, os bangue-bangues italianos. “El Mundial” lembra em nada os melhores momentos do artista.
Em 1982, “El Mundial”, tema oficial da Copa na Espanha, ficou a cargo do tenor Plácido Domingo. Em 1990, os italianos tentaram algo semelhante bombando “Nessun dorma” na voz de Luciano Pavarotti para promover a Copa. Mas não era uma música feita para o mundial.
Bônus
Dois sites com as ligações de música com futebol (seja de Copa ou não) merecem ser recomendados: