Novos Macs usam “alumínio 100% reciclado”, mas o que isso significa?

O segundo grande evento de lançamento da Apple no último trimestre do ano trouxe detalhes sobre um monte de novos dispositivos. Mas a empresa também fez alguns anúncios na frente ambiental que estão gerando repercussão e levantando questões, particularmente em relação aos materiais reciclados que algumas de suas linhas de produtos deste ano usarão. • O […]
O segundo grande evento de lançamento da Apple no último trimestre do ano trouxe detalhes sobre um monte de novos dispositivos. Mas a empresa também fez alguns anúncios na frente ambiental que estão gerando repercussão e levantando questões, particularmente em relação aos materiais reciclados que algumas de suas linhas de produtos deste ano usarão.

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Especificamente, a Apple anunciou que os modelos 2018 de seu e do seu ressuscitado Mac Mini estão sendo construídos com um case de alumínio 100% reciclado, usando uma liga personalizada que incorpora o excesso de alumínio extraído do processo de fabricação. A Apple alega que essas mudanças, junto com a incorporação de plástico reciclado pós-consumo no Mac Mini, reduziram a pegada de carbono global dos dois produtos em quase 50% e que o novo MacBook Air é o “Mac mais verde de todos os tempos”.

Esse é o mais recente dos últimos esforços da Apple para se mostrar como uma empresa da qual os consumidores preocupados com o meio ambiente podem se sentir bem comprando. Recentemente, a Apple anunciou que todos os seus datacenters, lojas e escritórios agora são e lançou uma versão de de um robô de reciclagem de iPhone que, de alguma forma, estará dentro do ambicioso da empresa, anunciado pela primeira vez em 2017, de . Dispositivos feitos com “aparas finas de alumínio recapturado”, segundo a empresa, nos dão um vislumbre mais concreto do que uma Apple pós-mineração pode parecer — ou, pelo menos, uma Apple que gasta menos tempo contratando outras companhias para destruir a Terra em busca de minério, passando mais tempo escolhendo com cuidado a sua cadeia de suprimentos. Mas, assim como outras alegações ambientais recentes da companhia, essa vem com importantes ressalvas e deixa muitas questões em aberto.

Não sabemos, por exemplo, quanto alumínio a empresa continuará a minerar e refinar para seus outros produtos, incluindo seu novo iPad Pro e uma gama de dispositivos antigos que usam o metal em seu invólucro. Não sabemos o quão ambientalmente intenso o seu novo processo de produção de ligas é, e não está claro quais números a Apple incluiu (ou não incluiu) em sua conta para descobrir que o alumínio reciclado reduzirá a pegada de carbono dos novos dispositivos pela metade. Quando contatada para comentar a questão, a empresa nos enviou citações de seu de responsabilidade ambiental, disponível publicamente, que explica como a companhia busca recuperar o alumínio tanto de smartphones em fabricação quanto de telefones “mortos”.

O que nós sabemos é que o alumínio é uma grande parte do impacto ambiental da Apple, responsável por das emissões de carbono da empresa, de acordo com a própria conta da Apple. Sabemos também que a empresa fez da redução desse impacto específico uma prioridade. O alumínio é extraído do (que é extraído em um ) antes de ser fundido e transformado em um composto puro. A Apple agora está tentando suavizar esse processo de uso intensivo de energia, adquirindo metal fundido usando mais energia hidrelétrica e menos combustíveis fósseis. Recuperar mais metal do processo de manufatura para que haja menos necessidade de minerar a Terra deve reduzir ainda mais essa pegada. Josh Lepawsky, geógrafo da Memorial University of Newfoundland que estuda a vida ambiental dos produtos eletrônicos, disse que a Apple deve ser aplaudida por esse esforço. Embora a cobertura da imprensa sobre o impacto ambiental da indústria de tecnologia geralmente se concentre nas que produzimos, na realidade, a maior parte das emissões e da poluição geradas por nossos dispositivos  em vez dos dispositivos que são descartados. Isso, segundo Lepawsky, é o problema real do lixo eletrônico, e não é fácil de consertar. Simplesmente rastrear milhares de fornecedores de matérias-primas — sem falar na redução do desperdício e no impacto ambiental em toda a cadeia de suprimentos — representa um grande desafio para uma empresa como a Apple.

“Na verdade, é fácil encontrar problemas no argumento deles (da Apple), e há problemas bem importantes”, disse Lepawsky. “Mas eu acho que é muito importante para nós, como consumidores, entender que o que eles estão tentando fazer é muito, muito difícil.” O tempo dirá qual o tamanho do impacto que um case de alumínio reciclado e uma terão no planeta. Lepawsky apontou que, mesmo que a Apple parasse de comprar alumínio novo, isso não restringiria necessariamente a demanda em todo o mercado, já que o metal que a empresa costumava comprar subitamente ficaria disponível para outras companhias, talvez a um preço mais baixo. “Empresas individuais ou mesmo setores podem reduzir sua demanda, mas isso não significa necessariamente que a demanda agregada acabará caindo”, afirmou. Além disso, como muitos ambientalistas apontaram, se a Apple realmente quisesse fazer um favor ao planeta, ela fabricaria dispositivos que duram mais e que são mais fáceis de desmontar, permitiria que os recicladores desmontassem seus dispositivos e deixaria de contra empresas de reparo independentes e contra que buscam permitir aos usuários prolongar a vida dos seus gadgets Apple.

O Greenpeace, um dos principais órgãos que vigiam o impacto ambiental da indústria eletrônica, disse ao Earther em um comunicado por e-mail que o esforço da Apple para fornecer alumínio reciclado para seus produtos é “bem-vindo, especialmente dada a intensidade de carbono do alumínio e os terríveis impactos da mudança climática”.

“No entanto, para ser realmente o notebook mais ecológico de todos os tempos, a Apple deve priorizar os recursos de design que aumentam a vida útil do produto, incluindo baterias substituíveis e a capacidade de atualizar e reparar com mais facilidade”, continua o comunicado. Esses próximos passos, é claro, afetariam os ganhos da Apple. E, por mais que a empresa queira ser vista como um líder ambiental, ela provavelmente não quer comprometer seu status como ao fazê-lo.

Imagem do topo: Alex Cranz (Gizmodo)

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