Ciência

Novo teste genômico pode diagnosticar quase qualquer infecção

O projeto foi financiado pelo Instituto Chan Zuckerberg Biohub, do fundador do Facebook e sua esposa, Priscilla Chan.
Imagem: UCSF/Divulgação

Cientistas da Universidade da Califórnia, em San Francisco, nos EUA, desenvolveram um novo teste genômico que consegue detectar rapidamente qualquer tipo de infecção em um paciente.

O teste se baseia em uma técnica de sequenciamento genômico chamada mNGS (Sequenciamento Metagenômico de Alto Desempenho). O mNGS analisa uma amostra com uma base de dados que inclui uma gama de doenças de uma só vez, posteriormente checando sua análise nessa base de dados.

Desse modo, o novo teste genômico consegue identificar qualquer tipo de infecção, seja por vírus, bactérias, fungos ou parasitas.

Como funciona o teste

Milhões de sequências são analisadas a cada minuto para identificar a assinatura genética de possíveis patógenos. Os testes analisaram amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), fluido que vai do cérebro à espinha dorsal.

Entre 2016 e 2023, durante o desenvolvimento do teste genômico, os cientistas testaram quase cinco mil amostras de LCR e criaram um banco de dados com 68 mil patógenos para acelerar a identificação de infecções.

Em um estudo na última terça-feira (12), os cientistas ressaltaram que o novo teste genômico teve uma precisão de 86% em infecções neurológicas.

Charles Chiu, principal autor do estudo, é cofundador da empresa Delve Bio, fabricante de kits de testagem mNGS, que recebeu US$ 35 milhões de financiamento do Instituto Chan Zuckerberg Biohub.

Charles Chiu observa a coordenadora clínica da pesquisa, Jenna Chui, inserir amostras de DNA no biorrobô que realiza o novo teste. Imagem. UCSF/Divulgação

Segundo o cientista, o teste é bastante útil para diagnosticar doenças neurológicas ou infecções no sistema nervoso central. Isso inclui, por exemplo, a meningite, que pode ter causas raras e piorar rapidamente a condição dos pacientes. Portanto, o novo teste genômico ajuda os médicos a diagnosticar qualquer infecção e iniciar o tratamento de doenças graves em questão de dias, reduzindo significativamente o tempo.

Além disso, o novo teste pode prevenir hospitalizações prolongadas e tratamentos desnecessários.

Com o teste mNGS, o DNA e o RNA do paciente são extraídos de amostras do LCR. Em seguida, os cientistas analisam a amostra em sequenciamentos genéticos em um computador.

Novo teste genômico quer evitar alto índice de infecção em futura pandemia

Apesar do sucesso em detectar infecções neurológicas, o objetivo do novo teste genômico, segundo o líder da pesquisa, é “se preparar para a próxima pandemia”. Para isso, os cientistas já descobriram como utilizar fluidos respiratórios no teste genômico para identificar vírus com potencial de infecção similar ao do coronavírus. 

“Nossa meta é conseguir completar todo o processo de testagem no prazo de 12 a 24 horas, entregando os resultados no mesmo dia dos testes”, afirmou Chiu.

O estudo sobre o novo teste genômico destaca que o método mNGS conseguiu identificar o vírus da Covid e da influenza A, bem como outras infecções respiratórias, em menos de um dia.

Além disso, os cientistas revelaram que o novo teste genômico consegue detectar a infecção mesmo com pequenas quantidades do vírus na amostra colhida.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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