Ciência
Novo satélite gigante ofusca estrelas e prejudica pesquisa de astrônomos
Se fosse uma estrela, o satélite BlueWalker 3 seria uma das dez mais brilhantes do céu. Entenda porque todo esse brilho é um problema
Imagem: AST SpaceMobile/Reprodução
Lançado em setembro, o satélite BlueWalker 3 é o maior sistema comercial já colocado em órbita — mas tem incomodado cientistas e astrônomos. Tudo porque o equipamento chega a ofuscar 99% das estrelas visíveis a partir de um local escuro na Terra.
De acordo com um estudo publicado pela revista , o BlueWalker 3 brilha muito graças ao seu enorme conjunto de antenas. Além disso, sua cor branca reflete uma quantidade considerável de luz solar de volta para a Terra, fazendo ele brilhar mesmo no crepúsculo.O objeto foi lançado pela empresa AST SpaceMobile e opera na órbita baixa da Terra. Ele tem um sistema de antenas com 64 m² e é apenas o primeiro de uma série que poderá ter uma centena ou até mais satélites maiores.
Satélite é uma das “estrelas” mais brilhantes
Os pesquisadores avaliaram o brilho do satélite usando um índice astronômico padrão chamado escala de magnitude, no qual os objetos mais brilhantes têm os menores números. O brilhante Vênus, por exemplo, pode atingir uma magnitude de –4,6, enquanto a Estrela do Norte é muito mais fraca, com magnitude +2.Quando o satélite desenrolou seu conjunto de antenas, fazendo com que seu brilho aumentasse para magnitude +0,4. Se fosse uma estrela, seria uma das dez mais brilhantes do céu.
O BlueWalker 3 pode ser centenas de vezes mais brilhante que o recomendado pela União Astronômica Internacional.
Ter um ponto artificial com luz própria tão brilhante pode atrapalhar observações de astrônomos, já que cientistas podem perder o referencial de objetos astronômicos ao redor.
A resposta da AST
Um porta-voz da AST afirmou que a empresa está ciente das preocupações com o brilho do BlueWalker 3 e está trabalhando para resolvê-las, segundo o portal .
Tais iniciativas têm colaboração com a NASA e outros grupos de astronomia, e envolvem posicionar antenas a uma distância considerável de zonas que são vitais para a astronomia, diminuindo as chances da poluição luminosa atrapalhar as observações.
Um dos principais objetivos da organização é construir sua própria constelação de satélites de baixa órbita, de forma semelhante à Starlink, do bilionário Elon Musk. O desenvolvimento da tecnologia visa corrigir os “buracos” dos sistemas de telecomunicações em todo o planeta, oferecendo conexão estável até mesmo em locais remotos.