Ciência

Novo mapa do Cosmos é um passo para desvendar mistério da energia escura

Com dados de um espectroscópico de energia escura, cientistas mapearam mais de 6 milhões de galáxias e estudaram a expansão do universo
Imagem: Claire Lamman/ DESI collaboration/ Reprodução

Uma ferramenta chamada Desi (Instrumento Espectroscópico de Energia Escura, que fica no Arizona, EUA) atingiu um feito nunca antes alcançado. Ela conseguiu examinar e gerar dados para a criação de um mapa do Cosmos em 3D que é, agora, o maior já feito.

No total, o mapa do universo inclui mais de seis milhões de galáxias, três vezes mais que outros trabalhos, muitas das quais não se sabia da existência. 

Além disso, a pesquisa permitiu que cientistas descobrissem que a expansão do universo está se acelerando e que o conhecimento da energia escura é ainda menor do que especialistas imaginavam. 

O estudo envolveu pesquisadores da Universidade de Durham e da Universidade de Portsmouth, ambas na Inglaterra. Por enquanto, os resultados ainda não foram publicados em revistas científicas, ou seja, não foram revisados por pares, mas o mapa do Cosmos foi divulgado em uma série de .

Entenda a pesquisa

Com os dados do Desi, os cientistas puderam medir padrões na distribuição de galáxias. Alguns desses padrões se relacionam com ondas sonoras que ocorreram no início do universo, conhecidas como oscilações acústicas de bárions.

Em geral, os padrões são regulares, de forma que os cientistas puderam calibrar as distâncias para diferentes galáxias no mapa do Cosmos a partir dessas medidas. Com isso, eles conseguiram calcular quão rapidamente o universo tem se expandido nos últimos 11 bilhões de anos.

De acordo com os artigos, a precisão desses cálculos é melhor que 1% entre os dados de 8 bilhões e 11 bilhões de anos atrás. Nesse universo de pesquisa, o valor considerado é de uma precisão altíssima.

Por fim, os resultados confirmaram que a expansão do universo está se acelerando. E especialistas compararam as novas informações do estudo com algo simples: um carro. 

Da mesma maneira que medir sua aceleração permite compreender o motor, mapear a expansão do universo traz respostas sobre o’ que impulsiona a aceleração cósmica — ou seja, a energia escura.

Por isso, a pesquisa também demonstrou que a energia escura não é tão constante como estudos sugeriram anteriormente.

Sobre a energia escura

De acordo com Carlos Frenk, coautor da pesquisa, se a energia escura fosse de fato constante no tempo, o universo se expandiria para sempre. Mas com as informações do novo mapa do Cosmos, isso deve ser questionado.

“Agora tudo isso vai por água abaixo e essencialmente temos que recomeçar do zero. Isso significa revisar nossa compreensão da física básica, nossa compreensão do Big Bang em si e nossa compreensão da previsão de longo prazo para o universo”, explicou.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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