Novo centro vai usar dados e IA para tomada de decisões em segurança pública
Texto: André Julião | Agência FAPESP
Os recentes ataques a escolas praticados por alunos evidenciaram mais uma vez a urgência de se prevenir esse tipo de crime. Uma vez que normalmente são planejados e mesmo anunciados em redes sociais, a análise de dados e o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) têm potencial para prevenir essas ocorrências.Esse será um dos temas abordados pelo (), um Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) da FAPESP sediado na Fundação Getúlio Vargas, estruturado em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) e a Universidade de São Paulo (USP).
“A metodologia utilizada é a de acoplamento de problema e solução. O problema será posto a um grupo não só de pesquisadores, como de agentes de segurança pública que vivenciam esses problemas. O objetivo é que daí saiam resultados tecnológicos que ajudem a organizar o fenômeno e a solução”, disse à Agência FAPESP , professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da FGV e coordenador do centro.
“A instalação de um centro de estudos de políticas de segurança é uma excelente notícia tanto para a comunidade acadêmica, para o setor governamental envolvido com a segurança pública e, em última instância, para a população do Estado de São Paulo. Esta iniciativa tem um componente muito especial. Ela mobiliza a comunidade acadêmica e os pesquisadores para se debruçarem sobre os problemas de segurança e buscarem soluções baseadas na ciência e na tecnologia”, explicou , presidente da FAPESP, durante a cerimônia solene de inauguração do centro realizada ontem (23/10), na FGV.
Lançado pela FAPESP em 2020, o programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento apoia projetos de pesquisa de impacto social, tecnológico e econômico, com duração de até cinco anos, a serem executados por equipes de institutos de pesquisa, universidades ou instituições de ensino superior no Estado de São Paulo, em parceria com órgãos de governo (leia mais em: ).
Coordenador-geral do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e vice-diretor do FGVAnalytics, contou a experiência recente dos chamados “sequestros PIX”, em que pessoas são mantidas em cativeiro para que façam transferências e pagamentos para os criminosos.
Ataques em escolas
Sobre os ataques às escolas, Martins explicou à Agência FAPESP que há pelo menos dois pontos que precisam ser levados em conta. Primeiro, a identificação precoce de possíveis agressores ativos, tanto para prevenção quanto para municiar as investigações no futuro, caso o evento já tenha ocorrido. Outro é a identificação dos chamados replicadores, pessoas que, após o ataque, criam uma percepção de pânico com notícias falsas sobre supostos novos ataques.
“Temos um desafio grande, porque estamos falando do meio digital em seus vários canais. Então precisamos de um trabalho de avaliação da comunicação que é feita nas redes sociais que dê indícios de que um atirador ativo está prestes a se formar, seja porque propaga esses conteúdos, seja porque é vítima de bullying, e identificar elementos de radicalização”, comentou.
“A universidade pode tratar isso como hipótese de pesquisa, mergulhar no tema, e trazer o que se tem na fronteira do conhecimento sobre o que é possível operacionalizar”, completou.O evento foi mediado por Goret Pereira Paulo, diretora da rede de pesquisa da FGV, e teve ainda s presença do promotor de justiça Fabio Bechara e dos pesquisadores do centro , , e .
A sessão solene contou com a presença do chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública, Paulo Maculevicius, representando o secretário Guilherme Derrite; do diretor da EASP-FGV, Luiz Artur Ledur Brito, e do diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP, Pedro Abreu Dallari.