Novas descobertas sobre hormônio presente no tomateiro podem aumentar a produtividade da planta
Texto: Julia Moióli |
Em artigo na revista PNAS, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) descrevem pela primeira vez como a estrigolactona, um fitormônio descoberto nas últimas décadas, controla o florescimento e a produção de frutos do tomateiro (Solanum lycopersicum). A descoberta representa uma nova oportunidade para gerenciar o tempo de frutificação da planta e pode causar um impacto considerável na produtividade da cultura.
Agora, neste novo estudo, pela FAPESP, os cientistas da Esalq-USP foram capazes de constatar e explicar mais detalhadamente essa função por meio de técnicas como sequenciamento e processamento de dados de mRNA, quantificação de transcritos genéticos por qRT-PCR, espectrometria de massa e análises estatísticas e funcionais.
Para isso, analisaram e compararam dois grupos distintos de plantas: um deles composto por espécies que haviam sido geneticamente modificadas para apresentar comprometimento na produção de estrigolactona; e outro que incluía vegetais com uma versão sintética do fitormônio. O que se observou, respectivamente, foi: maior tempo de florescimento; e florescimento facilitado, inclusive, com maior número de frutos.Os pesquisadores envolvidos no projeto também identificaram detalhes de como o mecanismo funciona: “Demonstramos que as estrigolactonas controlam de maneira bem pronunciável o florescimento de tomateiro, regulando a via do microRNA319 e os níveis de giberelinas [substâncias responsáveis pela germinação de sementes nas plantas]”, explica , pesquisador do Laboratório de Genética Molecular do Desenvolvimento Vegetal do Departamento de Ciências Biológicas da Esalq-USP e coordenador do trabalho.
“Quando a quantidade de estrigolactona é aumentada tanto na folha quanto no meristema [tecidos], a planta tende a reduzir os níveis de giberelina e aumentar a quantidade desse microRNA.”Interesse econômico
Os resultados obtidos pelos pesquisadores poderão ter impacto direto no manejo e na produtividade total do tomateiro: “Mostramos claramente que, na presença da estrigolactona, a planta floresce com mais facilidade e o número de flores e a quantidade de frutos aumentam consideravelmente”, afirma Nogueira. “Isso significa que, a partir de agora, podemos contar com um novo fitormônio para controlar o tempo de florescimento.”O artigo Strigolactones promote flowering by inducing the miR319-LA-SFT module in tomato pode ser lido em: .