Projeto de lei em Nova York prevê banir mineração de criptomoedas para proteger meio ambiente

Projeto quer impedir uso de máquinas de mineração por um período de três anos. Autoridades querem estudar o impacto ambiental da tecnologia.
Imagem: Dmitry Demidko/Unsplash
Imagem: Dmitry Demidko/Unsplash
O aumento expressivo de máquinas de mineração de criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, fez o estado de Nova York, nos Estados Unidos, ganhar no Senado que prevê interromper a atividade no local por um período de três anos. A ideia é do senador democrata Kevin Parker, que justifica a pausa para que o governo avalie qual o impacto da tecnologia em questões relacionadas ao meio ambiente, eficiência energética e ganhos econômicos.

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Conservação Ambiental no último dia 3 de maio. Se for aprovado, todas as criptomoedas em circulação no estado de Nova York terão de passar por uma revisão de impacto ambiental caso queiram continuar operando. Segundo o senador, os centros de mineração são uma indústria em expansão na região e, na maioria das vezes, ficam localizados em usinas de combustível fóssil aposentadas ou convertidas para a atividade.

Parker também afirma que “a operação contínua e expandida de centros de mineração de criptomoedas vai aumentar a quantidade de uso de energia”, e que “é razoável acreditar que as emissões de gases de efeito estufa associadas a esse processo” podem prejudicar o que já é definido pela Lei de Liderança Climática e Proteção Comunitária. Por essas razões, o senador estipula um prazo de três anos para que as autoridades possam analisar qual o verdadeiro impacto ambiental da mineração de criptomoedas no estado. Ou seja, se o texto atual for aprovado ainda este ano, empresas e usuários não estariam autorizados a minerar as moedas digitais até 2024. De acordo com o senador, ao final dos três anos propostos pelo projeto de lei, seria divulgado o estudo completo sobre o que foi observado nesse tempo. Empresas, entidades de defesa ambiental, governistas e os próprios mineradores seriam chamados para discutir, por um período de quatro meses, ideias de como reduzir as emissões de carbono na atmosfera, para só então retomar a mineração de criptomoedas.

Discussões ambientais

A maior controvérsia relacionada ao processo de mineração de criptomoedas é seu impacto ambiental. Isso acontece porque milhares de máquinas no mundo todo realizam, simultaneamente, bilhões de equações matemáticas para criptografar e registrar toda e qualquer operação relacionada às criptomoedas por meio das redes blockchain. As máquinas não param de trabalhar nunca, e a maioria delas fica alocada em usinas e fábricas baseadas na queima desenfreada de carvão, o que só aumenta a complexidade do problema.

Apesar de crucial para manter e proteger a rede das moedas digitais, esse sistema utiliza uma quantidade absurda de energia elétrica. E bota absurda nisso: uma pesquisa recente da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, constatou que a mineração de criptomoedas tem uma média de 121,36 terawatts-hora (TWh) por ano. O número supera o consumo anual de energia de países como Argentina (121 TWh), Holanda (108,8 TWh) e Emirados Árabes (113,20 TWh). Se continuar nesse ritmo, em breve também passará a Noruega (122,20 TWh).

A China é considerada o principal polo de poluição desse tipo de atividade, respondendo por mais de 60% das emissões poluentes. O estado de Nova York, por sua vez, pode não ter a mesma força, mas tem se tornado um dos locais com maior crescimento usado pelos mineradores — em especial as cidades de Dresden e Alcoa.

O projeto de lei do senador democrata estima que, com a proibição temporária de mineração de criptomoedas no estado, Nova York conseguiria atingir várias de suas metas ambientais. Entre elas está a utilização de 70% de energias renováveis, até 2030, e 100% de eletricidade com
emissão zero de poluentes até 2040.

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