O aumento expressivo de máquinas de mineração de criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, fez o estado de Nova York, nos Estados Unidos, ganhar no Senado que prevê interromper a atividade no local por um período de três anos. A ideia é do senador democrata Kevin Parker, que justifica a pausa para que o governo avalie qual o impacto da tecnologia em questões relacionadas ao meio ambiente, eficiência energética e ganhos econômicos.
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Conservação Ambiental no último dia 3 de maio. Se for aprovado, todas as criptomoedas em circulação no estado de Nova York terão de passar por uma revisão de impacto ambiental caso queiram continuar operando. Segundo o senador, os centros de mineração são uma indústria em expansão na região e, na maioria das vezes, ficam localizados em usinas de combustível fóssil aposentadas ou convertidas para a atividade.
Parker também afirma que “a operação contínua e expandida de centros de mineração de criptomoedas vai aumentar a quantidade de uso de energia”, e que “é razoável acreditar que as emissões de gases de efeito estufa associadas a esse processo” podem prejudicar o que já é definido pela Lei de Liderança Climática e Proteção Comunitária.
Por essas razões, o senador estipula um prazo de três anos para que as autoridades possam analisar qual o verdadeiro impacto ambiental da mineração de criptomoedas no estado. Ou seja, se o texto atual for aprovado ainda este ano, empresas e usuários não estariam autorizados a minerar as moedas digitais até 2024.
De acordo com o senador, ao final dos três anos propostos pelo projeto de lei, seria divulgado o estudo completo sobre o que foi observado nesse tempo. Empresas, entidades de defesa ambiental, governistas e os próprios mineradores seriam chamados para discutir, por um período de quatro meses, ideias de como reduzir as emissões de carbono na atmosfera, para só então retomar a mineração de criptomoedas.
Discussões ambientais
A maior controvérsia relacionada ao processo de mineração de criptomoedas é seu impacto ambiental. Isso acontece porque milhares de máquinas no mundo todo realizam, simultaneamente, bilhões de equações matemáticas para criptografar e registrar toda e qualquer operação relacionada às criptomoedas por meio das redes blockchain. As máquinas não param de trabalhar nunca, e a maioria delas fica alocada em usinas e fábricas baseadas na queima desenfreada de carvão, o que só aumenta a complexidade do problema.
Apesar de crucial para manter e proteger a rede das moedas digitais, esse sistema utiliza uma quantidade absurda de energia elétrica. E bota absurda nisso: uma pesquisa recente da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, constatou que a mineração de criptomoedas tem uma média de 121,36 terawatts-hora (TWh) por ano. O número supera o consumo anual de energia de países como Argentina (121 TWh), Holanda (108,8 TWh) e Emirados Árabes (113,20 TWh). Se continuar nesse ritmo, em breve também passará a Noruega (122,20 TWh).
A China é considerada o principal polo de poluição desse tipo de atividade, respondendo por mais de 60% das emissões poluentes. O estado de Nova York, por sua vez, pode não ter a mesma força, mas tem se tornado um dos locais com maior crescimento usado pelos mineradores — em especial as cidades de Dresden e Alcoa.
O projeto de lei do senador democrata estima que, com a proibição temporária de mineração de criptomoedas no estado, Nova York conseguiria atingir várias de suas metas ambientais. Entre elas está a utilização de 70% de energias renováveis, até 2030, e 100% de eletricidade com
emissão zero de poluentes até 2040.
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