Nova metodologia irá facilitar identificação de mercúrio em animais e pessoas na Amazônia
Texto: Jornal da Unesp | Radar dos Campi
Na maior floresta tropical do mundo, os efeitos da intervenção humana no ambiente são cada vez mais intensos e abrangentes, alcançando, inclusive, a escala microscópica. Um exemplo é a intoxicação por mercúrio, que hoje afeta tanto a fauna local quanto as populações que habitam a região.A presença do mercúrio cada vez mais evidenciada na região está relacionada às atividades de garimpo e, possivelmente, à construção de usinas hidrelétricas, como a de Jirau, localizada no rio Madeira, responsáveis por movimentar o sedimento dos rios onde há mercúrio decantado. É justamente nessa área que têm se concentrado os estudos de um grupo de pesquisadores, coordenados por , docente do Instituto de Biociências da Unesp, campus de Botucatu, ao longo dos últimos dez anos.
Por meio de uma técnica inovadora que integra métodos bioquímicos e químicos, Padilha tem buscado maneiras de encontrar potenciais proteínas que sirvam como biomarcadores de mercúrio. Como o nome sugere, os biomarcadores são certos elementos presentes em sistemas biológicos que fornecem informações mensuráveis sobre saúde, doenças ou exposição a fatores ambientais. Por meio de sua identificação, é possível não apenas apontar a presença do mercúrio no organismo como também identificar e localizar as proteínas nas quais o mercúrio está presente.Metaloproteômica: química e bioquímica
Embora seja docente do Departamento de Ciências Químicas e Biológicas da Unesp desde 1994, Padilha trabalhou por muitos anos de maneira mais próxima com os estudantes do Programa de Pós-Graduação em Química, em Araraquara, onde explorava sua expertise em química analítica. “Por volta de 2004 uma nova técnica foi introduzida no Brasil, a metaloproteômica. Ela surgiu por volta dos anos 2000, no Japão e, rapidamente, começou a ser utilizada pela comunidade científica. Vislumbrei ali uma oportunidade para começar a desenvolver projetos com os estudantes do campus de Botucatu”, lembra o químico, que desde 2009 conduz estudos nessa linha. O nome da técnica combina dois radicais. O termo “metalo” se refere aos metais, e “proteômica” identifica os conjuntos de proteínas, que são conhecidos como proteomas. Assim, a técnica permite estudar espécies metálicas, como ferro, cobre ou mercúrio, que têm a capacidade de se ligar com macromoléculas, como proteínas ou enzimas.O mercúrio nos peixes
Inicialmente, Padilha utilizava a metaloproteômica em estudos sobre nutrição de peixes que conduziu no estado de São Paulo. Porém, com o convite do colega Luiz Fabricio Zara, da Universidade de Brasília, em 2011 o químico passou a aplicar seu conhecimento técnico na busca por proteínas que poderiam atuar como possíveis biomarcadores de mercúrio nos peixes do rio Madeira, com da Fapesp e da Empresa Energia sustentável do Brasil – ESBR, responsável pela hidrelétrica de Jirau. “O Madeira tem um histórico bastante conhecido de contaminação por mercúrio derivado das atividades de garimpo. Esse foi um dos motivadores para selecionarmos esta região para a pesquisa”, conta Padilha.
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