Kanye West ganha apoio de neonazistas após aquisição da Parler e discursos de ódio

Kanye West ganhou o apoio de neonazistas ao atacar judeus e negros; marcas como Adidas e Balenciaga já romperam com o rapper. Veja a repercussão
Neonazistas elogiam Kanye West após aquisição da Parler e discurso de ódio
Imagem: Rodrigo Ferrari/Flickr/Reprodução

O rapper Kanye West comprou a rede social Parler depois de ter a conta suspensa no Instagram e Twitter por discursos antissemitas. Como resultado, Kanye ganhou o apoio de grupos extremistas, em especial aqueles ligados ao neonazismo, radicais do Islã e teorias da conspiração, como QAnon e . 

Em , a ADL (Liga Antidifamação, entidade judaica dos EUA) avisou que seitas extremistas defenderam as declarações de West e usaram as falas do rapper para promover o discurso de ódio contra judeus e negros, além de outras teorias conspiratórias. 

Grupos como Proud Boys e Nação do Islã elogiaram Kanye West por “falar a verdade” sobre o “controle judaico”, um espectro inventado por conspiracionistas. 

O editor do site neonazista Daily Stormer, Andrew Anglin, “saudou” o rapper. “Uma das maiores pessoas que viveram desde Jesus Cristo, ou pelo menos desde Adolf Hitler”, escreveu em artigo sobre o artista. 

O discurso saiu das redes sociais. No sábado (22), a entidade antissemita “Liga de Defesa Goyim” colocou várias faixas sobre viadutos movimentados em Los Angeles. Os banners diziam: “Kanye está certo sobre os judeus”, com um site de vídeos e a bandeira dos EUA. 

Além das faixas, moradores de Los Angeles receberam panfletos com textos de ódio a judeus. Em um deles, os conspiracionistas acusam a comunidade judaica de conduzir a “agenda” da Covid-19. 

“[Kanye West] é uma pessoa que tem mais seguidores nas mídias sociais do que judeus no mundo ecoando algumas das declarações que extremistas promovem”, disse Oren Segal, da ADL, ao site .

Essa é uma tática desses grupos: encontrar alguém com muitos seguidores que possam compartilhar suas crenças e, assim, disseminar ódio contra comunidades em todo o mundo. 

Repercussão 

Na segunda-feira (24), Kim Kardashian, a ex-mulher de Kanye West, falou sobre o caso. “Discurso de ódio nunca é aceitável ou desculpável”, e no Instagram sem mencionar o ex-parceiro. “Estou junto com a comunidade judaica e peço que a terrível violência e retórica odiosa chegue ao fim imediato”. 

Nesta terça (25), a Adidas encerrou sua parceria com o rapper. “A Adidas não tolera antissemitismo e qualquer outro tipo de discurso de ódio”, disse a empresa alemã em . 

“Os comentários e ações recentes de Ye [nome artístico do rapper] foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa”. A grife Balenciaga e a agência CAA, também anunciaram o fim do contrato com o rapper. 

Kanye West está servindo como propulsor de discursos extremistas desde o começo de outubro, quando lançou camisetas com a frase “White Lives Matter” (Vidas Brancas Importam, na tradução literal), na Paris Fashion Week. 

Depois, teve as contas do Twitter e Instagram suspensas por afirmar que mataria judeus e propagar outros discursos de ódio contra a comunidade judaica. No dia 17, West anunciou a compra da rede de direita Parler, em prol da “liberdade de expressão”. Ele recebeu o diagnóstico de transtorno bipolar em 2016.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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