Neandertais ajudam a explicar origem da dor nas costas
Acredita-se que a postura dos neandertais é bastante diferente da que é vista em humanos modernos. Evidências realmente indicam que nós, Homo sapiens, possuímos vértebras lombares (no final das costas) mais curvas do que nossos primos, mas essa história pode estar contada pela metade.
Muitas das colunas vertebrais analisadas até hoje pertenciam a humanos que viveram no período pós-industrial. Uma equipe internacional de pesquisadores começou a suspeitar de que este fato poderia interferir na realidade e, consequentemente, mudar nossa percepção sobre a dor nas costas. Então, eles resolveram comparar vértebras de neandertais, humanos pré e pós-industriais.
Na pesquisa, foram analisadas 300 espinhas, que totalizavam 1.600 vértebras. Com isso, os cientistas perceberam que as colunas dos neandertais eram significativamente diferentes daquelas dos povos pós-industriais, mas não dos povos pré-industriais. O estudo completo foi publicado na revista científica .
Há uma explicação bem simples: a industrialização tornou os humanos mais sedentários. O final do século 19 veio acompanhado de trabalhos que permitiam aos funcionários sentar em mesas, por exemplo. Além disso, diminuiu o número de pessoas trabalhando em pé no campo.
Dessa forma, a diferença entre as espinhas teria ocorrido não por razões evolutivas, mas sim por condições de vida e trabalho. Estudos anteriores apontam que as taxas mais altas de dor nas costas estão associadas, principalmente, a ambientes urbanos e escritórios.
A lordose lombar é causada por uma angulação das vértebras e dos discos intervertebrais – articulações que dão flexibilidade à coluna. Scott Williams, autor do estudo, explicou em que a diminuição dos níveis de atividade física, a má postura e o uso de móveis resultou em estruturas inadequadas de tecidos moles para lidar com essa alteração.
“Para compensar, nossos ossos da parte inferior das costas assumiram mais angulações do que nossos predecessores pré-industriais e neandertais, potencialmente contribuindo para a frequência de dores lombares que encontramos nas sociedades pós-industriais”, concluiu.