Nasce o 1º bebê com DNA de três pessoas do Reino Unido: veja como é possível
Nasceu o primeiro bebê gerado a partir do DNA de três pessoas do Reino Unido, noticiou o jornal na terça-feira (9). O procedimento de fertilização in vitro, conhecido como MDT (Tratamento de Doação Mitocondrial), é inovador porque tenta impedir que crianças herdem doenças crônicas e incuráveis dos seus pais.
A geração do bebê foi bem-sucedida pelos médicos do Centro de Fertilidade Newcastle, na Inglaterra, que é o único centro nacional licenciado a realizar o procedimento desde 2015 — quando o país aprovou uma lei para permitir esse tipo de pesquisa.
Esse não é o primeiro caso de um bebê gerado por MDT no mundo. Um médico dos EUA foi o primeiro a realizar o tratamento, em 2016, no México.
A técnica usa o tecido da mitocôndria saudável de uma doadora de óvulos para criar embriões sem as mutações genéticas presentes no DNA da mãe, que tinha potencial de serem transmitidas aos filhos.
A mitocôndria é responsável pela respiração das células e, por isso, vital ao corpo humano. Na fecundação do óvulo pelo espermatozóide, os bebês sempre herdam as mitocôndrias da mãe. Logo, a probabilidade de um bebê nascer com as mesmas mutações é alta.
É possível que crianças nasçam saudáveis caso recebam uma pequena proporção das mitocôndrias mutantes. Mas, nos casos de gravidez natural, a concepção se transforma em uma aposta com riscos altos. Pelo menos um em cada 6 mil bebês têm doenças associadas à mitocôndria.
Como assim três DNAs?
Na fecundação tradicional, os embriões combinam o material genético do espermatozóide e do óvulo dos pais biológicos. Isso continua igual, exceto pelo fato de que o método MDT inclui minúsculas estruturas parecidas com as mitocôndrias de um óvulo doador.
O procedimento substitui pelo menos 37 genes da mãe pelos da doadora. Entenda o passo a passo do processo:
- Em um laboratório, cientistas usam o esperma do pai para fertilizar os óvulos da mãe e também os da doadora saudável
- Os pesquisadores removem o material genético nuclear do óvulo da doadora e o substituem pelo óvulo fertilizado do casal
- O ovo que resulta ali traz um conjunto completo de cromossomos de ambos os pais, mas ainda carrega mitocôndrias saudáveis da doadora, em vez das células com mutações genéticas da mãe.
- Os médicos implantam esse ovo no útero, que gerará o bebê com o DNA de três pessoas.
Tem riscos
Um de fevereiro que reuniu pesquisadores de diversas instituições da Europa mostra que o MDT não impede que esses bebês ainda tenham a doença da mãe. Em alguns casos, o pequeno número de mitocôndrias anormais que inevitavelmente continuam no óvulo final podem se multiplicar ainda enquanto o bebê está no útero.
Isso pode fazer com que a criança desenvolva doenças sem cura da mesma forma – processo conhecido como “reversão”. A ciência agora tenta descobrir porque isso só acontece em alguns casos, e não em todos.
Segundo a HFEA (Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia britânica, na sigla em inglês) 32 pacientes receberam o aval para realizar o tratamento de mitocôndrias até o momento.