Namíbia promove abate de animais selvagens para combater fome por seca
Em uma tentativa desesperada de combater a fome em meio à pior seca em um século, a Namíbia anunciou um plano controverso: o abate em massa de animais selvagens para fornecer carne à população faminta.
A medida foi na última terça-feira (27), pelo Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Turismo da Namíbia. A seca, consequência do forte El Niño do ano passado, é a pior em décadas. Ela devastou plantações e esgotou mais de 80% das reservas alimentares da Namíbia.
Na prática, a medida autoriza o abate de 83 elefantes, 30 hipopótamos, 300 zebras e outras espécies, totalizando 723 animais.
Em comunicado, o governo da Namíbia informou que caçadores profissionais vão conduzir o abate em parques nacionais e áreas onde já existe a prática de caça sustentável de animais.
Além de combater a fome, o abate de animais na Namíbia também pretende reduzir a superpopulação de elefantes, conforme resolução de 2023. O programa de alívio às consequências da seca distribuirá a carne dos animais à população. A ação seguirá um modelo similar que já forneceu mais de 56 mil kg de carne pelo abate de 150 animais.Abate de animais é um dilema para a Namíbia
Além disso, o abate de animais selvagens, especialmente espécies como elefantes, pode prejudicar o turismo, uma importante fonte de renda para a Namíbia.
Aliás, como resposta às críticas ao abate, o governo da Namíbia cita um caso recente em que elefantes mataram um homem, no último domingo (25). A região da África Austral, composta pela Namíbia, Zimbábue, África do Sul, Eswatini e Botswana, abriga cerca de 200 mil elefantes. O número representa uma das maiores populações de elefantes. “Com grave situação de seca no país, conflitos entre animais e humanos podem aumentar caso o governo não intervenha”, afirma a nota do governo. Portanto, a decisão de abater animais selvagens é um dilema para a Namíbia. O país precisa combater a insegurança alimentar, mas não pode prejudicar a conservação da vida selvagem.