Na Copa do Mundo do saneamento, Brasil cai nas oitavas de final; veja o campeão

Se a Copa do Mundo considerasse as condições de saneamento básico dos países competidores, o Brasil seria eliminado nas oitavas de final. Enquanto isso, o troféu de campeão iria para a Coreia do Sul, com a Suíça na vice-liderança (confira a tabela completa abaixo).

A conclusão é de um da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), que comparou as condições sanitárias de todos os países em disputa no Mundial. A competição esportiva começa neste domingo (20), no Catar. 

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Ao olhar para o saneamento, o Brasil teria 74,4% de “aproveitamento” na Copa. A análise mostra que quase 35 milhões de pessoas não têm água tratada, enquanto cerca de 100 milhões vivem sem coleta de esgoto. Cinco milhões de brasileiros sequer têm banheiro. 

Só 50% de todo o esgoto do país recebe tratamento. Isso significa que mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto in natura são despejadas diariamente na natureza. 

O relatório, que tem como base da OMS (Organização Mundial da Saúde), destaca que o fato do Brasil ter a segunda maior população e o terceiro maior território do campeonato, contribui para a eliminação. “São elementos cruciais no desafio da universalização do saneamento”, diz a associação. 

Já a Coreia do Sul – um país com o tamanho do estado de Pernambuco – tem 100% tanto do acesso universal à água potável quanto da gestão segura dos serviços de saneamento. O país asiático de 51 milhões de habitantes foi vice-campeão no levantamento de 2018. 

Melhor desempenho 

Além dos campeões sul-coreanos, a Suíça também chegou à marca de 100% nos serviços de saneamento. No terceiro lugar vem os EUA, com 99% de aproveitamento. O país só venceu da Inglaterra nos pênaltis – ou seja, pelo fato de ter maior população, um dos critérios de desempate. 

Entre os 16 países classificados para a fase de “mata-mata”, dez são da Europa. A França, que tem 89,5% do acesso a saneamento, caiu para a Polônia (95,5%) nas oitavas de final. Já a Bélgica (94,5%) ficou para trás por causa dos índices da Espanha (98%). 

A Argentina mostrou que não é só rival do Brasil (74,4%) nos gramados. Quanto se trata de saneamento, os hermanos têm 72% de atendimento na água potável e gestão adequada do esgoto. Veja o desempenho dos países na tabela da ABES: 

Imagem: ABES/Divulgação

Quem está na lanterna 

O primeiro eliminado da Copa, caso a competição dependesse dos índices de saneamento básico, seria Camarões, com 33% de aproveitamento. Depois vem o Irã (48,5%) e Gana (49,5%). O Uruguai aparece em seguida, com 50%. 

Pelo menos quatro países do continente africano têm acesso à água potável menor ou igual a 90%. São eles: Camarões (66%), Senegal (85%), Gana (86%) e Marrocos (90%). 

Isso significa que o caminho ainda é longo até universalizar o saneamento no mundo, o que está diretamente ligado com a captação e distribuição de água tratada. 

Mesmo que o acesso ao saneamento não esteja 100% para o Brasil, o país melhorou desde 2002, quando conquistou o pentacampeonato com a seleção de futebol. À época, os indicadores de saneamento do Brasil ficavam em 65,4%. Em 20 anos, o setor avançou 10 pontos percentuais (74,4%).