Mulheres que trabalham à noite têm mais riscos de endometriose

Mulheres que têm ciclos menstruais desregulados e trabalham em períodos noturno têm mais chances de desenvolver endometriose
Representação do útero
Pesquisa exposta no Congresso Europeu de Endocrinologia, liderada pela professora Eva Kassi da Universidade Nacional Capodistriana de Atenas, Grécia, indica que mulheres que trabalham em períodos noturnos têm risco aumentado de desenvolver a endometriose.

O endométrio é um tecido que reveste o útero e sua grossura pode variar ao longo do ciclo menstrual, dependendo da quantidade de hormônio na corrente sanguínea. Na endometriose, ao invés do revestimento acontecer somente no útero e ser expelido na menstruação, o tecido tem movimento contrário e atinge outros locais como ovários e trompas, onde se multiplica e provoca sangramentos.

Cólicas, fortes dores abdominais e até mesmo infertilidade. Essas são algumas consequências da endometriose, doença que atingedas mulheres no Brasil e também no mundo O estudo foi feito com 27 pacientes com endometriose ovariana confirmada, trabalhadoras noturnas com irregularidades menstruais. Para isso, 11 amostras pareadas foram coletadas de pacientes com cistos ovarianos (tecidos endometriais ectópicos) e endométrio normal (tecidos eutópicos). E o restante foi dividido em oito amostras de endometriais ectópicos e oito de endométrio normal, totalizando 16 mulheres diferentes com o mesmo diagnóstico. O teste avaliou alguns genes (PER, CRY e Clock) responsáveis pelo ritmo circadiano, ou seja, pelo período de 24 horas (um dia) sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, em que o organismo responde diferente a cada variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e noite.

Os médicos perceberam a redução na expressão dos genes PER-2 (influência na atividade locomotora, no metabolismo e no comportamento), no gente CRY-1 (têm sido associados a padrões alterados no sono) e o gene CLOCK, (relacionado à regulação do ciclo biológico do organismo). Eles também notaram um aumento na proteína chamada NR1D1, (modula o comportamento relacionado com a sociabilidade e ansiedade de uma maneira específica), em tecidos ectópicos em comparação com os eutópicos. Antes desta pesquisa, não havia estudos publicados relacionados às alterações nos genes do relógio central e ao impacto em mulheres com endometriose. “A evidência clínica de que as perturbações do ritmo do relógio biológico podem estar associadas à endometriose é agora confirmada ao nível do tecido, pela expressão alterada dos genes do relógio no endométrio ectópico. Compreender as causas e efeitos da endometriose irá melhorar a nossa capacidade de detectar, controlar ou mesmo prevenir a condição. Estas descobertas nos fornecem uma melhor compreensão dos distúrbios do ritmo biológico “, comentou a professora Eva Kassi ao EurekAlert!.

Alertas

Ainda que não haja uma causa predominante para o aparecimento da endometriose, alguns fatores de risco devem ser considerados e servem como alerta para algumas mulheres. De acordo com o Ministério da Saúde, os da endometriose são: – Dor em forma de cólica durante o período menstrual que pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais; – Dor durante as relações sexuais; – Dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação; – Dificuldade de engravidar. A infertilidade está presente em cerca de 40% das mulheres com endometriose. Além disso, os primeiros sintomas costumam aparecer em mulheres de 25 a 35 anos. O exame clínico pode identificar a doença. Daí a importância de um acompanhamento periódico com ginecologista. []

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