Ciência

Mudanças climáticas representam ameaça aos albinos de Malawi

O albinismo atinge um a cada 150 pessoas do Malawi; radiação ultravioleta coloca essa população em maior risco para câncer de pele
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Uma pesquisa da (Apam) concluiu que cerca de 70% da população albina de Malawi não vai viver além dos 30 anos. O motivo? A  grande incidência de câncer de pele entre esses indivíduos.

33Segundo censo de 2018, dos 20 milhões de habitantes do Malawi, mais de 134 mil têm albinismo. Isso significa que cerca de uma em cada 150 pessoas são albinas no país do sudeste da África, uma parte relevante da população.

Entre eles, 50 morreram por câncer de pele desde 2020, de acordo com estatísticas oficiais. No entanto, a Apam acredita que o número seja bem maior, uma vez que parte das mortes relacionadas ao câncer não é registrada pelo governo. 

Representantes da associação acreditam que a doença seja a causa da morte de 90% das pessoas albinas do Malawi.

O albinismo, o câncer de pele e as mudança climáticas

O albinismo é uma doença genética rara em que uma pessoa nasce com pouca ou nenhuma melanina, que é uma proteína que dá pigmentação à pele, ao cabelo e aos olhos. Dessa forma, uma pessoa albina tem todas essas partes do corpo extremamente claras.

Além da ausência de cor, a falta de melanina também expõe as pessoas com albinismo aos danos causados pelo sol. Em geral, a exposição à radiação ultravioleta pode desenvolver bolhas, envelhecimento da pele (elastose solar) e alterações como verrugas.

Dessa forma, há um risco aumentado de desenvolver câncer de pele. Para agravar o quadro, 85% dessas pessoas albinas no Malawi vivem em áreas rurais do país do sudeste africano, em exposição constante aos raios solares.

As mudanças climáticas são consideradas um multiplicador de ameaças nesse caso. Há algum tempo, o país enfrenta eventos climáticos extraordinários, como seca e enchentes repentinas, além de temperaturas médias mais altas.

Em 2022, as aulas foram suspensas porque as temperaturas estavam acima de 40°C em algumas partes do Mawali. E desde que esses fenômenos começaram a acontecer com mais frequência, as taxas de câncer entre pessoas com albinismo aumentou.

Falta de ação

Ao , moradores relataram que faltam medidas de prevenção do câncer de pele no país. Segundo eles, não há incentivo para o acesso a protetor solar, nem triagem dos casos para o tratamento logo no início da doença.

Em geral, não há um hospital do câncer no país, faltam serviços de atendimento dermatológico e oftalmológico e o acesso a tratamento também é escasso. Um dos entrevistados, Stanzio Joseph, foi encaminhado a cuidados paliativos com apenas 24 anos de idade.

Dessa forma, a situação entre a população com albinismo é um sinal de que mais precisa ser feito para combater as mudanças climáticas e mitigar seus impactos. Contudo, o Ministério da Saúde de Malawi não se manifestou sobre o assunto.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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