Mudanças climáticas podem aumentar incidência de raios incendiários
Os chamados raios secos recebem esse nome quando atingem o solo em meio a pouca ou nenhuma chuva. Esses fenômenos são por grande parte dos incêndios florestais.
Mas a falta de precipitação não é a única culpada. Alguns raios canalizam carga elétrica por um período prolongado, ou seja, queimam por mais tempo. Esses recebem o nome de “raios quentes”.
Pense, por exemplo, em uma vela. Se você apenas passar o fogo por seu pavio, talvez ela não acenda de primeira. Por outro lado, se você mantiver o fogo no pavio, ela vai queimar.
Alguns raios quentes canalizam a corrente por mais de um terço de segundo – a duração típica de um piscar de olho humano. Quanto maior o tempo, maior o risco de incêndio.
Cientistas do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, na Espanha, examinaram a relação entre raios quentes e incêndios florestais nos EUA. Os dados utilizados no estudo compreendem de 1992 a 2018 e mostram que esses clarões podem ter provocado até 90% dos cerca de 5,6 mil incêndios considerados na análise.
O problema é que esse tipo de raio deve se tornar mais comum com o avanço das mudanças climáticas. Os pesquisadores realizaram uma simulação tendo como base os anos entre 2009 e 2011 e olhando para o período entre 2090 e 2095.
A equipe sugere que as mudanças climáticas irão aumentar a corrente ascendente dentro das tempestades. Como resultado, a frequência dos raios quentes será de 4 flashes por segundo em todo o globo – um aumento aproximado de 40% em relação a 2011.
Os raios no geral, por sua vez, devem ocorrer 8 vezes a cada segundo, o que representa um aumento de 28% quando comparado ao período anterior. O estudo completo foi publicado na revista .
Os cientistas também consideraram mudanças na precipitação, umidade e temperatura das diferentes regiões do planeta. Dessa forma, concluíram que o risco de incêndios florestais aumentará significativamente no sudeste da Ásia, América do Sul, África e Austrália, e drasticamente na América do Norte e Europa.
As regiões polares são as únicas que devem receber menos raios no futuro. Nessas áreas, é esperado um aumento da precipitação, enquanto as taxas de raios quentes permanecerão constantes.