Movimentos pelo clima pedem fim dos cruzeiros marítimos
Durante o verão europeu, o prefeito de Marselha, na França, fez apenas um apelo: que o número de cruzeiros poluentes que passam pela cidade fosse reduzido. Benoît Payan lançou uma petição pela causa em julho, que foi assinada por mais de 52 mil pessoas.
Há uma justificativa. A cidade francesa guarda um dos portos mais movimentados da Europa, atraindo cerca de 2 milhões de passageiros por ano. Isso é um grande problema, já que o transporte marítimo é responsável por cerca de 10% da poluição do ar em Marselha.
Um estudo realizado em 2018 pelo grupo de monitoramento da qualidade do ar Atmosud comparou a emissão de gases nocivos por parte dos navios e carros. Ao final, concluiu que um cruzeiro ancorado por uma hora na cidade viajando a 30 km/h pelo mesmo período de tempo.
A campanha preocupa empresários, já que a cidade é bastante dependente deste turismo. Porém, caso a petição vá para frente, poderá seguir o caminho de Veneza, na Itália, que baniu os grandes navios em 2021. Barcelona, na Espanha, também é um bom exemplo, já que a cidade passou a cobrar “impostos de poluição” dos turistas hospedados em cruzeiros.
Além da Europa
Há cruzeiros nos Estados Unidos que viajam direto para o Alasca, seguindo pela costa oeste do Canadá. Porém, os navios acabam deixando no país vizinho mais de todos os anos.
Isso, claro, tem irritado os canadenses. Os portos de Victoria e Seattle, por exemplo, receberam protestos após o fim das restrições impostas durante a pandemia. Comunidades pesqueiras do sudeste do Alasca também se queixam de resíduos despejados na fronteira com o Canadá, pois temem que a poluição afete espécies de peixes já ameaçadas.
Essa poluição deixada pelos navios envolve o esgoto tóxico de banheiros, água usada nas pias, chuveiros e lavanderias e água de porão – o líquido oleoso que se acumula na parte mais baixa de uma embarcação.