Molécula se mostra eficaz para barrar entrada do SARS-CoV-2 na célula e inibir replicação viral
Texto: Agência FAPESP
Os efeitos promissores de uma molécula denominada calpeptina S no combate à infecção pelo SARS-CoV-2 foram descritos por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e colaboradores em artigo este mês na revista Communications Biology.
“No caso da COVID-19, o diferencial em relação aos demais medicamentos já aprovados ou em estágio mais avançado de desenvolvimento é que a calpeptina não só ataca a Mpro [proteína importante para a replicação do coronavírus] como também atua com mais intensidade na catepsina-L, uma das formas de acesso do coronavírus às células humanas”, explicou à Assessoria de Imprensa do ICB-USP , pesquisadora do laboratório Unit for Drug Discovery, coordenado pelo professor no Departamento de Parasitologia.
Projeto internacional
A calpeptina foi selecionada por pesquisadores alemães a partir de um estudo em 2021 na revista Science. Entre 35 concorrentes, ela foi a molécula que obteve a melhor performance em uma triagem feita por meio de testes de cristalografia de raios X. No processo, a calpeptina foi fundida à proteína Mpro.
Apesar de apresentar bons resultados, a molécula permanecia por pouco tempo nos organismos, o que reduzia a sua eficácia. A partir disso, para potencializar a ação do fármaco, os pesquisadores desenvolveram uma nova molécula, a calpeptina S, que é fundida com uma molécula oriunda do enxofre. “Comparamos a calpeptina S com a calpeptina original no ICB e atestamos que a nova molécula foi efetiva para combater o vírus”, contou a pesquisadora. Em seguida, foram feitos diversos ensaios enzimáticos e de cristalografia de raios X para avaliar com qual das sete variações de catepsinas (que existem no corpo humano e que são responsáveis pelo espalhamento do vírus nas células) a calpeptina S interagia melhor e como funcionaria a interação entre elas e a Mpro.A investigação recebeu financiamento da FAPESP por meio de seis projetos (, , , , e ) e foi feita em colaboração com pesquisadores da Universidade de Hamburgo e do Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY), ambos da Alemanha. Também participaram grupos de pesquisa dos departamentos de Biologia Celular e do Desenvolvimento e Microbiologia do ICB-USP.
O potencial do fármaco contra o SARS-CoV-2 foi identificado pelos cientistas alemães. Já os testes de validação da ação do composto contra o vírus em modelos animais e em células foram realizados no laboratório BSL3 Cell Culture Facility for Vector and Animal Research do ICB-USP, que tem nível três de biossegurança (NB3).A célula humana foi cedida pelo Laboratório de Biologia Celular e Molecular, coordenado pela professora Glaucia Maria Machado-Santelli //bv.fapesp.br/pt/pesquisador/5338/glaucia-maria-machado-santelli, do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento; os vírus foram fornecidos pelo Laboratório de Virologia Clínica e Molecular, coordenado pelo professor , docente da Microbiologia; e os ensaios em animais foram feitos em conjunto com o Laboratório de Pesquisa Aplicada a Micobactérias (LaPam), coordenado pela professora , também da Microbiologia.
O artigo Calpeptin is a potent cathepsin inhibitor and drug candidate for SARS-CoV-2 infections pode ser lido em: .