Centenas de milhões de litros de água radioativa permanecem em torno do local do disastre nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão. Mas os cientistas não conseguem simplesmente despejar o líquido no oceano. E, se ele continuar por ali, pode acabar se infiltrando no solo.
• Recorde de temperatura de 2016 prova que a mudança climática está acontecendo rápido demais
• Precisamos de um órgão internacional para regulamentar a engenharia genética?
Uma equipe de cientistas da Universidade Rice, no Texas, e da Universidade Kazan, na Rússia, tem uma ideia inteligente para tirar o estrôncio e o césio da água — um material barato chamado “carbono oxidativamente modificado” (ou OMC, na sigla em inglês). Eles acreditam que o sistema de filtração OMC conseguiria purificar a água suficientemente para que ela seja despejada com segurança no oceano, prevenindo qualquer nova contaminação.
Você provavelmente já ouviu de sistemas de filtração de carvão, mas esses filtros não funcionam bem nos metais pesados presentes na água radioativa. A mesma equipe de cientistas já no passado que um material chamado “óxido de grafeno” poderia retirar um elemento radioativa comum do líquido, o estrôncio, mas não outro, o césio. Além disso, o óxido de grafeno é bastante caro.
Isso levou os pesquisadores ao OMC, que é dez vezes mais barato e pode ser produzido a partir de um coque de carbono comercial conhecido como “C-seal-F”, ou “shungite”, uma rocha que surge naturalmente no noroeste da Rússia.
Os cientistas criaram filtros de OMC de ambas as fontes, tratando-as com ácido e dando aos materiais superfícies ricas em oxigênio às quais os contaminantes de metal pudessem se aderir. Eles passaram água com estrôncio, césio e outros metais pesados pelas preparações de OMC e descobriram que 800 miligramas do OMC C-seal-F retiraram 83% do césio e 68% do estrôncio presentes em 100 mililitros de água. O OMC de shungite sugou 70% do césio e 47% do estrôncio, de acordo com o artigo semana passada no periódico Carbon.
Este estudo foi apenas uma prova do conceito, e, além disso, os cientistas testaram seus filtros em versão não-radioativas de estrôncio e césio. Entramos em contato com os autores para perguntar se o uso de isótopos radioativos mudaria os resultados e quanto tempo levaria para ver esses filtros em ação e atualizaremos a nota quando tivermos uma resposta.
[ via ]
Imagem do topo: Kazan Federal University