Mensagens de WhatsApp ajudam idosos atendidos pelo SUS a sair da depressão
Texto: José Tadeu Arantes | Agência FAPESP
O WhatsApp pode ser um recurso poderoso para ultrapassar a barreira da solidão. E contribuir positivamente para a melhoria de quadros de depressão em idosos. Foi o que mostrou um estudo realizado com usuários de Unidades Básica de Saúde (UBS) do município de Guarulhos, vizinho à cidade de São Paulo. A pesquisa, realizada por e colaboradores, foi no periódico Nature Medicine.
A ferramenta de triagem empregada para selecionar os participantes foi o PHQ-9 (sigla em inglês para Patient Health Questionnaire-9, ou Questionário de Saúde do Paciente-9), amplamente utilizado e validado para avaliar a presença e gravidade dos sintomas de depressão. O PHQ-9 utiliza uma escala de 0 a 27, assim dividida: 0 a 4, ausência de depressão; 5 a 9, depressão leve; 10 a 14, depressão moderada; 15 a 19, depressão moderadamente grave; 20 a 27, depressão grave. Quanto maior a pontuação, maior a gravidade dos sintomas depressivos. “Convidamos para participar todas as pessoas que tiveram pontuação dez ou mais na avaliação inicial. Nossa amostra inclui, portanto, desde portadores de depressão moderada até portadores de depressão grave”, afirma a pesquisadora.
O programa recebeu o nome de “Viva a Vida”. E, considerando o ainda baixo índice de alfabetização da população idosa de baixa renda, os comunicados enviados às pessoas do grupo de intervenção eram mensagens de voz, de três minutos de duração, ou imagens. Não havia mensagens de texto. E os pesquisadores tomaram o cuidado de usar uma linguagem de fácil compreensão, baseada no modelo dos programas de rádio mais populares. Dois artistas, a Ana e o Léo, liam alternadamente as mensagens, que evoluíram de frases educacionais sobre depressão a incentivos à ativação do comportamento e alertas de prevenção de recaída (alguns exemplos podem ser conferidos no final da reportagem). “A diferença de pouco mais de dez pontos entre a melhoria dos participantes do grupo de intervenção e dos participantes do grupo-controle talvez pareça pequena, mas, considerando que o programa ‘Viva a Vida’ tem um custo extremamente baixo e o potencial de alcançar uma enorme faixa da população, esses 10% podem significar milhões de pessoas. Além disso, o ‘Viva a Vida’ deve ser visto como um primeiro passo, que pode vir a ser combinado com outras formas de intervenção. É preciso dizer que a grande maioria das pessoas que participaram não recebia antes nenhum tratamento para depressão. Nem estavam diagnosticadas como portadoras desse quadro”, argumenta Scazufca.O estudo recebeu suporte financeiro da FAPESP por meio de diferentes modalidades de apoio concedidas aos vários integrantes da equipe (projetos: , , , , , , , , e ).
O artigo Self-help mobile messaging intervention for depression among older adults in resource-limited settings: a randomized controlled trial pode ser acessado em: .