À noite, o céu de Marte pulsa e brilha quando visto em luz ultravioleta
O brilho noturno visto na região polar norte. A causa da forma em espiral permanece um mistério. Imagem: NASA/MAVEN/Goddard Space Flight Center/CU/LASP
Na verdade, as regiões vulcânicas montanhosas de Marte são conhecidas por produzirem fenômenos fascinantes e bizarros, incluindo uma nuvem enorme e alongada que reaparece como um relógio acima de Arsia Mons, um vulcão de 20 quilômetros de altura localizado perto do equador marciano.
“As principais descobertas da MAVEN sobre perda de atmosfera e mudança climática mostram a importância desses vastos padrões de circulação que transportam gases atmosféricos ao redor do globo e da superfície até a borda do espaço”, explicou Sonal Jain, cientista e coautor do estudo do LASP. Curiosamente, os pulsos atmosféricos acontecem sempre três vezes por noite, mas apenas durante a primavera e o outono. Os cientistas também documentaram ondas e espirais acima das regiões polares de inverno, junto com alguns pontos mais brilhantes vistos nos pólos de inverno.Este infográfico acima exemplifica como funciona o fenômeno. Primeiro, os raios UV do sol quebram moléculas de dióxido de carbono e nitrogênio, transformando-as em átomos de carbono, oxigênio e nitrogênio. Depois, a própria atmosfera marciana se encarrega de levar esses átomos para alturas elevadas. Por fim, quando o ar desce de volta para a atmosfera, os átomos de nitrogênio e oxigênio se combinam, formando uma molécula de monóxido de nitrogênio que emite um fóton ultravioleta. Imagem: NASA/MAVEN/Goddard Space Flight Center/CU/LASP
Nessas áreas brilhantes, os gases são empurrados para baixo por ventos verticais, fazendo-os entrar em regiões com densidade atmosférica mais alta. Isso serve para acelerar as reações químicas responsáveis pelo óxido nítrico, que alimentam o brilho ultravioleta. As emissões de raio UV ocorrem predominantemente em altitudes que atingem 64 quilômetros acima da superfície, com algumas manchas gigantescas de 965 quilômetros de diâmetro.Essas emissões não devem ser confundidas com um brilho verde de Marte – um matiz visível causado pelos raios do Sol que estimulam as moléculas de oxigênio na atmosfera superior. Se um ser humano estivesse em solo marciano, ele não conseguiria enxergar esses espetáculos noturnos, pois são invisíveis a olho nu.
No futuro, quando for possível colonizar o planeta vermelho, os novos colonos poderão se divertir com essas luzes noturnas usando óculos de proteção ultravioleta – semelhante ao que acontece no Norte da Terra, que em algumas épocas do ano apresenta belos efeitos visuais noturnos, como é o caso da aurora boreal. Sem dúvida, seria um espetáculo, já que as manchas brilhantes que cruzam o céu de Marte à noite atingem velocidades de até 290 km/h.