Mapa interativo mostra que soja e carne ocupam áreas prioritárias para conservação no Brasil

Estudo considerou 7.143 espécies e produtos agrícolas de 197 países. Um terço da agropecuária mundial está em áreas de alta biodiversidade
Mapa interativo mostra que soja e carne ocupam áreas prioritárias para conservação no Brasil
Imagem: Nguyen Tien Hoang/Reprodução

No Brasil, a soja e a carne bovina são produzidas em áreas de alta prioridade de conservação ambiental, revelou um levantamento de pesquisadores do Japão, da Noruega e da Holanda. O estudo, que também estimou que um terço da agropecuária mundial se concentra nessas áreas, foi na última terça (30) e gerou um

“A produção de alimentos continua sendo a principal causa da perda de biodiversidade [no mundo]”, disse Keiichiro Kanemoto, autor do estudo e professor do Research Institute for Humanity and Nature, no Japão. “Mas há uma dolorosa falta de dados sistemáticos sobre quais produtos e quais países contribuem mais para isso.”

A equipe fez sua contribuição combinando informações sobre agropecuária e biodiversidade ao redor do mundo. O levantamento incluiu 48 commodities agrícolas provenientes de 197 países, e se baseou em dados de conservação de 7.143 espécies.

Os pesquisadores usaram os dados de biodiversidade para estimar o valor de conservação das áreas agrícolas. Eles as dividiram em quatro níveis, de prioridade mais baixa à mais alta de conservação. Então, os cientistas determinaram quais alimentos foram produzidos em quais áreas.

Alguns resultados do estudo

O levantamento mostrou algumas tendências. Por exemplo: produtos básicos como arroz, soja e carne bovina tendem a ser produzidos em áreas de alta prioridade de conservação. Outros, como cevada e trigo, vêm principalmente de áreas de menor risco ambiental.

Mas o impacto de uma mesma cultura pode variar bastante. A carne bovina e a soja não representam o mesmo risco na América do Norte. Elas são cultivadas em áreas importantes para a biodiversidade por aqui.

Já o trigo, por exemplo, é cultivado em regiões de menor prioridade de conservação na Europa Oriental em relação à Ocidental.

Os pesquisadores também afirmam que, embora a criação de gado, o cultivo de soja e a produção de óleo de palma sejam atividades reconhecidamente problemáticas em relação à conservação, outros produtos merecem atenção. É o caso do milho, cana de açúcar e borracha.

Além disso, o mapa interativo evidenciou como as “pegadas alimentares” dos países na biodiversidade podem ser destoantes. Veja só: o cultivo de café e cacau acontece principalmente em áreas de alta prioridade de conservação em países próximos ao Equador. Estados Unidos e Europa são amplamente consumidores desses produtos.

Outro exemplo é a soja. 70% do grão cultivado em áreas importantes para a biodiversidade brasileira – a população gigantesca de lá representa uma demanda igualmente grande por múltiplas commodities, e o país tem a maior influência global na produção de alimentos em áreas de alta prioridade de conservação.

Os pesquisadores ressaltam que, com as mudanças climáticas, é provável que as espécies listadas abandonem alguns dos territórios que ocupam hoje e/ou se distribuam por outros – o que deve transformar o mapeamento das áreas de conservação e alterar os atuais conflitos entre produção de alimento em massa e biodiversidade.

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