Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) criaram um mapa para marcar os lugares do estado de São Paulo que contam com grafismos rupestres. Este é o primeiro mapa do estado que reúne informações arqueológicas, além de incluir imagens e modelos tridimensionais dos sítios.
Agora, as manifestações deixadas por populações ancestrais estão mais acessíveis. O mapa pode ser .
O trabalho coordenado pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP começou em 2019. Na época, havia registros de apenas 19 sítios com pinturas, grafismos e desenhos feitos pelas populações pré-históricas que habitaram o estado.
Depois de quatro anos, a equipe de pesquisadores já identificou e inseriu no mapa 54 sítios com registros rupestres.
Entenda a pesquisa
De início, os cientistas fizeram um amplo levantamento bibliográfico sobre os sítios rupestres do estado de São Paulo. Neste processo, catalogaram 19 sítios com grafismos.
Depois, eles intensificaram a pesquisa presencial em alguns desses locais que já havia confirmação de sítio arqueológico e conseguiram ampliar ainda mais as descobertas.
Contudo, alguns lugares não puderam ser visitados pela dificuldade de acesso ou pela falta de colaboração dos proprietários, já que os grafismos rupestres estavam em propriedade privada.
Em geral, os sítios foram divididos em três categorias: visitado, não visitado e destruído. Catalogados os lugares, o pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Eduardo Krempser utilizou um modelo de mapa concebido pela QuipoTech para criar o documento.
O mapa conta com descrição e imagens da arte rupestre, imagens tridimensionais, dados de datação e referências bibliográficas.
“Não damos a localização exata para evitar que eventualmente sítios se tornem alvo de vandalismo, de pessoas que queiram retirar os desenhos. Perdemos um sítio em Guarulhos, que se tornou um local muito visitado, porque colocaram fogo e destruíram as gravuras”, explicou Marília Perazzo, líder da equipe de pesquisa, ao .
Destaque para os grafismos rupestres de São Paulo
Em geral, estes sítios se espalham pelo Brasil inteiro, mas sempre tiveram maior expressão em áreas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
“O Estado de São Paulo não teve muita expressão no cenário de registros rupestres nas últimas décadas, tendo sido marcado mais por pesquisas em sambaquis e sítios com materialidade lítica”, afirmou Perazzo.
Segundo o que relatou, a ideia anterior era que de que São Paulo consistia um hiato desses vestígios. “Foi buscando compreender esse cenário rupestre paulista que iniciamos nossas pesquisas. Podemos dizer que, se São Paulo ainda não estava no mapa rupestre do Brasil, agora está”, disse.
Agora, a pesquisa de campo prossegue até 2024 e continuará alimentando o banco de dados, consequentemente complementando o mapa em tempo real.