Um imenso manto subterrâneo de magma pode ser o responsável pelos sinais de atividade vulcânica em Marte. Pesquisadores estimam que a camada de massa ultraquente mede até 4 mil km – quase a distância da cidade de São Paulo até o Equador. A hipótese está em um estudo feito na Universidade do Arizona, e publicado na revista .
O manto de magma seria um resquício do período hesperiano, que se acredita ter sido o início de Marte, quando o planeta era quase totalmente tomado pela atividade vulcânica.
O magma fica abaixo da planície Elysium Planitia, uma das regiões vulcânicas mais extensas do planeta vermelho. A descoberta é relevante porque, por muitos anos, cientistas acreditavam que a geologia de Marte não passava de uma imensa rocha firme e imóvel.
Na análise, os geofísicos planetários coletaram dados topográficos, geológicos, sísmicos e gravitacionais. O objetivo era identificar se havia, ou não, magma no subterrâneo de Marte.
A conclusão foi que o manto preenche todos os requisitos para atestar que, sim, o que existe nas camadas marcianas mais remotas é magma. O material empurra o limite do núcleo do planeta e forma pontos quentes na crosta, que ocasiona o vulcanismo na superfície.
Parecido com a Terra
Segundo os pesquisadores, a pré-lava fica entre 95ºC e 285ºC. A temperatura se assemelha aos registros pré-históricos do manto de magma que impulsionam a atividade vulcânica da Terra.
“Embora Marte seja menor que a Terra, podemos esperar a formação de cabeças de plumas igualmente grandes devido à menor gravidade e maior viscosidade do manto marciano”, apontaram os cientistas.
Isso não significa necessariamente que há vulcões expelindo lava em Marte, mas que o aquecimento interior do planeta pode impedir que os lagos da superfície congelem. Na prática, essas condições facilitam a vida de microrganismos que podem estar longe do radar dos humanos.
Com a descoberta, Marte se torna o terceiro planeta do Sistema Solar com atividade geológica. Antes, sabia-se que Terra e Vênus também eram geologicamente instáveis.