Mãe golfinho faz “voz de bebê” para se comunicar com filhotes; ouça

Estudo mostrou que é comum para a mãe golfinho usar de tons mais agudos quando está na presença do filhote
Mãe golfinho faz "voz de bebê" para se comunicar com filhotes; ouça
Imagem: TJ Fitzsimmons/Unsplash/Reprodução

Não são só os humanos que fazem “voz de bebê” para se comunicar com os filhos: pesquisadores da Flórida, nos EUA, flagraram uma mãe golfinho mudando o tom de voz ao se reportar aos filhotes. 

O áudio, captado por cientistas do , mostra que os golfinhos-nariz-de-garrafa fazem assobios mais agudos quando “dialogam” com seus bebês. Essa é a primeira evidência desse comportamento em um animal não-humano. 

Voz dos golfinhos 

Os golfinhos-nariz-de-garrafa se comunicam com assobios. Todos têm um “apito de assinatura”, algo que funciona como os nomes para os humanos. 

Esse apito serve para iniciar e manter contato entre o grupo, e também para comunicar urgência. Os filhotes adquirem essa marca já no primeiro ano de vida – mas, até agora, a ciência ainda não conseguiu entender como

Além disso, os filhotes também aprendem os “nomes” da mãe, dos amigos e companheiros de grupo. Quando precisam de algo, imitam o assobio do outro para chamar sua atenção ou pedir ajuda. 

O que a pesquisa descobriu 

Os cientistas da Flórida já registravam assobios de golfinhos fêmeas adultas e de seus filhotes há décadas em um grande banco de dados. No último ano, porém, começaram a procurar sinais da “voz de bebê”. 

No trabalho, eles agrupam pares de mães e filhotes em locais próximos. O mais comum é que os bebês golfinhos fiquem com as mães até os seis anos de idade. No estudo, porém, todos tinham até 24 meses.  

O mais interessante é que esses animais ficam em “contato acústico” o tempo todo. “Não temos ideia do que eles estão comunicando, mas provavelmente é, ‘estou aqui, estou aqui’”, disse Laela Sayigh, a principal autora do estudo. 

Como é a “voz de bebê” dos golfinhos 

Do banco de dados, os cientistas selecionaram 19 fêmeas com e sem filhotes entre 1984 e 2018. A partir daí, selecionaram aleatoriamente 20 assobios para analisar em espectrogramas, que mostram o contorno e a largura de banda de cada som. 

A surpresa foi que todas as mães golfinhos produziram assobios de frequência mais alta quando estavam na presença do filhote do que quando estavam sozinhas. Os bebês também emitem frequências mínimas mais baixas quando estão com as mães. Ouça: 

Segundo os pesquisadores, o assobio agudo das mães não é estresse pois as fêmeas fazem outro som quando estão sob situações de alerta. Além disso, elas aumentam a taxa de assobios quando estressadas – o que as mães não fazem. 

“Era muito parecido com o que as mães humanas fazem quando falam em voz alta com seus bebês”, disse Sayigh. Agora, o estudo quer procurar se outras espécies também fazem a “voz de bebê” para a aprendizagem vocal, em especial focas e papagaios. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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