Macacos recuperados de um antigo cemitério egípcio de animais de estimação foram rastreados como sendo provenientes da Índia. Em uma descoberta arqueológica única, os sepultamentos compassivos, nos quais os macacos eram deitados em posição fetal e rodeados de túmulos, sugerem que os primatas foram mantidos como animais de estimação.
Arqueólogos do Centro Polonês de Arqueologia Mediterrânea da Universidade de Varsóvia, juntamente com pesquisadores da Universidade de Delaware nos EUA, encontraram os macacos enterrados em um cemitério de animais de estimação na antiga cidade portuária de Berenice, relata o . A equipe trabalha no local desde 2008, descobrindo os restos de fortificações monumentais, paredes defensivas, torres, um grande complexo subterrâneo, um templo e o cemitério de animais.
Os arqueólogos presumiram inicialmente que os macacos eram locais, pertencentes à família guenon dos macacos africanos. Depois de analisar imagens 3D dos espécimes e realizar uma análise comparativo de ossos de macacos, os pesquisadores identificaram os restos mortais em duas espécies diferentes de macacos (macacos rhesus e macaca radiata um pouco menores), ambos originários da Índia. Berenice está localizada na costa oeste do Mar Vermelho e 340 km a leste de Assuã.
Os sepultamentos cuidadosos, nos quais os macacos eram colocados em uma posição fetal, mais a presença de vários objetos de sepultura, sugerem que os macacos foram cuidados e mantidos como animais de estimação antes de suas mortes.
A descoberta de macacos rhesus e macaca radiata no Egito “foi uma grande surpresa para nós”, explicou por e-mail Marta Osypińska, integrante da equipe e arqueóloga da Academia Polonesa de Ciências. “Não os esperávamos aqui”, já que fontes escritas antigas não mencionaram essa prática.
O trabalho no cemitério de animais de estimação de Berenice de 2016 a 2020 resultou na descoberta de 16 macacos, 536 gatos, 32 cachorros e um falcão, disse Osypińska. Um artigo descrevendo a saúde e a condição desses animais foi submetido à revista científica World Archaeology, disse ela. Pesquisadores do Instituto de Arqueologia e Etnologia da Academia de Ciências da Polônia contribuíram para esta pesquisa, de acordo com a , uma publicação do Ministério da Ciência e Ensino Superior do país.
Um macaco foi encontrado enrolado em um cobertor de lã, enquanto outro tinha grandes conchas do mar colocadas ao lado de sua cabeça, relata o First News. Fragmentos de ânfora quebrada — um vaso ornamentado — também foram encontrados ao lado dos restos enterrados.
Durante o 1º século d.C, o Império Romano anexou o Egito, transformando Berenice em um vibrante centro comercial. Os romanos estacionados neste posto avançado procuraram vários animais de companhia, que foram importados do exterior, especulam os pesquisadores. É possível que romanos e egípcios se engajassem nessa prática.
“Berenice era um porto romano, embora formalmente no Egito”, explicou Osypińska, acrescentando que Berenice era um “porto muito importante através do qual mercadorias valiosas da Ásia, África e Oriente Médio eram trazidas para o Império”.
Como itens comerciais vivos, esses macacos teriam exigido cuidado e atenção consideráveis, precisando de comida e água durante sua viagem pelo Oceano Índico e pelo Mar Vermelho. Mas, como Osypińska explicou, os macacos não conseguiram se adaptar ao novo ambiente egípcio e todos morreram jovens.
“Não sabemos o porquê. Talvez uma dieta ruim, talvez doenças, ou talvez a incapacidade de cuidar deles”, disse ela. “Alguns eram ‘bebês’, o que significa que devem ter nascido na estrada ou em Berenice”.
Osypińska disse que água doce tinha que se trazida para Berenice em burros das montanhas próximas e que “tudo” tinha que ser importado à distância. É importante ressaltar que nenhum ferimento físico foi visto nos esqueletos dos macacos, ao contrário dos muitos ferimentos vistos nos cachorros e gatos enterrados.
Animais de estimação exóticos eram comuns na antiguidade e nos tempos pré-históricos. Outros exemplos criado por pastores nômades no que hoje é o Cazaquistão e trazidas para a Grã Bretanha há cerca de 2.300 anos a 2.200 anos, que eram reverenciadas em vez de comidas.