Ciência

Lua “Estrela da Morte” de Saturno pode ter oceano escondido

Cálculos de astrônomos sugerem que o mar na lua de Saturno foi formado recentemente, entre 5 e 15 milhões de anos atrás
Imagem: NASA/Reprodução
Os astrônomos descobriram que uma pequena lua de Saturno — chamada Mimas — pode abrigar um oceano líquido escondido sob uma espessa concha de gelo. Por isso, os pesquisadores acreditam que ela pode entrar na lista de mundos gelados do Sistema Solar que pode ter condições para a vida.

A lua, que é apelidada como “Estrela da Morte” — por sua semelhança com a estação espacial bélica de “Star Wars” –, pode ter um oceano de 20 a 30 quilômetros abaixo da sua superfície.

A descoberta, claro, surpreendeu os pesquisadores. “Se há algum lugar no Universo onde não esperávamos encontrar condições favoráveis para a vida, esse lugar é Mimas”, explicou à Valéry Lainey, principal autor do estudo.

Mimas tem uma área terrestre do tamanho do estado da Bahia. A lua está situada no interior dos anéis de Saturno. Inclusive, a presença de Mimas criou uma das maiores lacunas nos anéis do planeta — chamada Divisão Cassini — devido à ressonância orbital que desestabiliza a órbita das partículas na região.

Entenda o estudo sobre a lua de Saturno

A equipe compilou dezenas de imagens feitas pela sonda Cassini da NASA, entre os anos de 2004 e 2017. Esses dados permitiram, por exemplo, analisar o movimento orbital de Mimas ao redor de Saturno e como isso afeta suas librações — pequenas alterações em sua rotação ou translação.

A detecção de variações ínfimas nessas librações, da ordem de centenas de metros, denunciou a presença de um oceano líquido sob a superfície. De acordo com a pesquisa, a influência da gravidade de outras luas de Saturno geram calor, impedindo que seu oceano congele. Os cálculos sugerem um mar formado recentemente, entre 5 e 15 milhões de anos atrás. Isso explicaria por que ainda não foi detectado nenhum sinal geológico de sua existência na superfície. A lua “reúne todas as condições para a habitabilidade: água líquida, mantida por uma fonte de calor, em contato com rocha. O que favorece o desenvolvimento de trocas químicas” indispensáveis para a vida, resumiu Nicolas Rambaux, do IMCCE, um dos autores.

Os pesquisadores publicaram o resultado do estudo na revista científica , na última quarta-feira (7).

Além de Mimas, os astrônomos acreditam que as luas Europa e Ganimedes, de Júpiter, por exemplo, também contenham oceanos de água líquida abaixo da crosta de gelo.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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