Lattes, Lutz, Chagas, Vital Brazil e Oswaldo Cruz: os 5 pais da ciência do Brasil

Contamos a história destes médicos, biomédicos, físicos e sanitaristas que ficaram conhecidos internacionalmente por seu trabalho no Brasil
fotomontagem de lutz, lattes e chagas: alguns dos pais da ciência no Brasil
Imagens: Wikimedia Commons/Reprodução

Para celebrar o dia dos pais, fizemos uma lista de brasileiros que são considerados os pais da ciência no Brasil — da física à epidemiologia.

A lista, em ordem cronológica de nascimento, está repleta de nomes que você certamente conhece – mas talvez não saiba da história por trás deles. Confira:

Adolfo Lutz

Adolfo Lutz (1855-1940) foi um pioneiro na área da epidemiologia, e é considerado o pai da medicina tropical e da zoologia médica no Brasil.

Ele nasceu no Rio de Janeiro, mas foi para a capital suíça em 1857, quando seus pais decidiram voltar à sua cidade natal. Lutz estudou medicina na Faculdade de Berna, estudou com Louis Pasteur e retornou ao Brasil em 1881. Aqui, Lutz trabalhou com outros jovens cientistas como Emílio Ribas e Vital Brazil, ajudando na criação do soro antiofídico e do Instituto Butantan.

Ele trabalhou como médico clínico em Limeira, no interior paulista, onde atendia pessoas que sofriam com doenças como febre amarela, febre tifoide, cólera, malária e tuberculose. Após voltar à Europa para se especializar em doenças infecciosas, ele assumiu a direção do Instituto Bacteriológico de São Paulo, em 1893 – que hoje leva seu nome. 

No instituto, Lutz desenvolveu pesquisas nas áreas da entomologia médica (estudo dos insetos), helmintologia (estudo dos vermes) e zoologia, aplicadas à medicina tropical. Em 1901, conseguiu confirmar que a febre amarela se transmitia a partir do vetor Aedes aegypti. Ele também foi uma das principais figuras responsáveis por frear a peste bubônica no Brasil.

Vital Brazil

Vital Brazil Mineiro da Campanha (1865-1950) foi um dos maiores médicos e sanitaristas do Brasil, desenvolvendo pesquisas pioneiras para a produção do soro antiofídico, para tratar picadas de serpentes peçonhentas.

Ele nasceu em Campanha (MG) e estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  Em 1897, ele ingressou no Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo, dirigido por Adolfo Lutz, e trabalhou junto com Oswaldo Cruz e Emílio Ribas desenvolvendo pesquisas para combater a peste bubônica, o tifo, a varíola e a febre amarela.

Vital Brazil liderou missões de combate a diversas epidemias que eclodiram no país e se tornou mundialmente conhecido pela criação do soro antiofídico. Ele também está por trás da criação de duas instituições que se tornaram referência na formação de pesquisadores, na produção de medicamentos e na divulgação científica no país: o Instituto Butantan, em 1901, e o Instituto Vital Brazil, em 1919.

Oswaldo Cruz

Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917) foi um dos maiores médicos e epidemiologistas brasileiros, sendo também um bacteriologista pioneiro em sua época e um oficial de saúde pública de destaque internacional.

Ele nasceu em São Luís do Paraitinga (SP) e estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1897, viajou para Paris, onde estudou microbiologia, soroterapia e imunologia por dois anos no Instituto Pasteur. De volta ao Rio de Janeiro, assumiu a direção do Instituto Soroterápico Federal e, mais tarde, a Diretoria-Geral de Saúde Pública.

Ele empreendeu uma campanha sanitária de combate às principais doenças do Rio de Janeiro: peste bubônica, febre amarela e varíola. Ele adotou medidas sanitárias baseadas em uma nova teoria da época: de que o transmissor da febre amarela era um mosquito. Em 1904, tentou promover a vacinação em massa da população contra a varíola – o que gerou a revolta da vacina.

Mais tarde, Oswaldo Cruz lançou iniciativas que erradicaram a febre amarela no Pará, por exemplo, e realizou a campanha de saneamento da Amazônia. Ele reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do país, e ganhou reconhecimento internacional pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro. Por tudo isso, o Instituto Soroterápico Federal mudou de nome e se transformou no Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

Carlos Chagas

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1878-1934) é outro dos principais biólogos, médicos sanitaristas e infectologistas do Brasil, que atuou como médico clínico e pesquisador.

Chagas se destaca na história da medicina por ter conseguido descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia. A tal doença é, claro, a doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida pelo barbeiro.

Ele nasceu na cidade de Oliveira (MG) e estudou na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Em 1905, Chagas foi contratado por Oswaldo Cruz para controlar uma epidemia de malária no interior paulista – doença que também ajudou a combater em Minas Gerais. No Rio de Janeiro, trabalhou na contenção de um surto de gripe espanhola, em 1918.

Ele participou de outras campanhas médicas e sanitaristas pelo Brasil, se dedicou à investigação das principais epidemias da zona rural do país e inaugurou, em 1918, o Hospital Oswaldo Cruz após se tornar diretor do instituto. Também ficou reconhecido internacionalmente e ficou responsável pela Diretoria Geral de Saúde Pública.

César Lattes

O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) deu o nome de Plataforma Lattes ao banco de dados que reúne o currículo de todos os pesquisadores do nosso país – e este fato bem representa a importância do físico César Mansueto Giulio Lattes.

Filho de imigrantes italianos e judeus, César Lattes (1924-2005) nasceu em Curitiba (PR) e se tornou um dos físicos mais importantes do Brasil. Ele estudou física e matemática na Universidade de São Paulo (USP) e, no início de 1946, passou a integrar a equipe do laboratório de Cecil Powell, na Universidade de Bristol, na Inglaterra.

Nessa época, Lattes ajudou a projetar chapas fotográficas para capturar partículas subatômicas e as levou para os Pirineus franceses. Assim, ele conseguiu registrar a passagem de um novo tipo de partícula atômica, o píon, à medida que os raios cósmicos atravessavam as chapas. Depois, levou chapas semelhantes para o monte Chacaltaya, na Bolívia, onde conseguiu registrar mais centenas de partículas subatômicas.

Cecil Powell, que era chefe do laboratório em que Lattes trabalhava, foi agraciado com um prêmio Nobel de Física por conta do desenvolvimento do método. O físico brasileiro se tornou um dos grandes nomes da física atômica no pós-guerra e foi decisivo para a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do qual foi diretor científico, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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