Efeito La Niña: fenômeno pode afetar produção de arroz, milho e algodão
Assim como acontece durante a manifestação do El Niño, em períodos sob a influência da La Niña o clima sofre alterações. No Brasil, o fenômeno está associado ao aumento das chuvas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto costuma levar seca às regiões Centro-Oeste e Sul.
Junto às mudanças no padrão de precipitações, há diferenças também na temperatura do ar. Com tudo isso, a La Niña pode afetar as plantações agrícolas em diversas regiões do Brasil.
Embora as previsões indiquem que há uma alta probabilidade do evento se estabelecer entre junho e agosto, de forma que ainda é cedo para fazer previsões, a do CEMADEN sugere alguns padrões e culturas que sofrem influências do fenômeno.
Culturas que podem ser afetadas
Atualmente, as regiões com mais municípios afetados pela seca são o Norte, Centro-Oeste, além dos estados de São Paulo e Minas Gerais, segundo o CEMADEN. Esses locais passaram por um verão com chuvas abaixo do comum para a época, que é período de plantio de milho, arroz e algodão.
Com a chegada de La Niña, a seca tende a se manter ou piorar nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já o padrão de chuvas acima do normal pode auxiliar a recuperação da situação na região Norte.
Em outros eventos La Niña, a produção cafeeira também foi afetada no Brasil. Por exemplo, entre 2021 e 2022, a safra do grão foi 19% menor em comparação ao ano anterior, segundo relatório da .
A queda na produção em plantações de café também aconteceu em outras duas ocorrências de La Niña, uma vez que as mudanças no padrão de chuvas e temperaturas afetaram o cinturão cafeeiro brasileiro.
Ainda é cedo para previsões
Embora se manifeste de acordo com um modus operandi, em cada evento de La Niña os padrões de distribuição de chuvas podem ser diferentes. Por exemplo, quando atingiu o Brasil entre 1995 e 1996, o fenômeno afetou mais significativamente o Rio Grande do Sul, Amazonas e Minas Gerais na primavera e as regiões Centro-Oeste e Nordeste no verão.
Entretanto, no período entre 2010 e 2011, o La Niña impactou o Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Pará. Já entre 2016 e 2017, os maiores impactos foram registrados na região Nordeste e no estado de Minas Gerais.
Por isso, o CEMADEN ressalta que ainda é cedo para prever exatamente quais as consequências do fenômeno nas plantações do Brasil.
De acordo com o órgão, também é preciso considerar as condições climáticas que as regiões brasileiras enfrentam atualmente, no período anterior à chegada da La Niña, a fim de compreender se as alterações de chuvas vão contribuir para a recuperação ou degradação das áreas agroprodutivas.