A minissérie documental “O Homem Com Mil Filhos” estreou na Netflix na última quarta-feira (3) e já recebeu uma resposta de sua inspiração principal, o holandês Jonathan Jacob Meijer, de 42 anos. Ex-professor do ensino médio e trader de criptomoedas, ele foi doador de esperma durante 17 anos, antes de ser proibido pela Justiça. O documentário acompanha famílias que descobriram que o homem gerou centenas (ou mesmo milhares) de crianças em todo o mundo.
À Netflix, Meijer se recusou a comentar as alegações ou participar da minissérie. Porém, nos últimos dias, Meijer publicou uma série de se defendendo das acusações de que teria mentido para as famílias. Aliás, ele ressaltou que “os doadores e as clínicas nunca são obrigados a partilhar a quantidade de descendentes com ninguém” e que a procura por doadores é alta.
“Como doador privado dei aos pais um número aproximado para que soubessem que eu não estava doando apenas uma vez ou exclusivamente. É prática comum nas clínicas que os pais paguem entre US$ 10 mil e US$ 25 mil para “bloquear” seus doadores, para que ele seja exclusivo deles. Eu nunca fui assim, queria dar uma chance a todos. Achei que era bom parar em 2019 para ajudar NOVOS beneficiários, pois o número chegou a 550. Depois disso, ajudei apenas famílias existentes com irmãos”, escreveu em seu canal.
Confira um dos vídeos de Jonathan:
O caso Jonathan Meijer
Em 2017, a Justiça proibiu Jonathan Meijer de fazer novas doações na Holanda, após ser constatado que era o pai de 102 crianças. A multa é de 100 mil euros para cada quebra da ordem judicial.
A proibição serve para evitar o risco de incesto acidental, quando meio irmãos acabam se relacionando romanticamente sem saber de sua ascendência comum. O documentário da Netflix exibiu mapas onde era possível ver que vários bebês gerados com o esperma de Jonathan viviam em cidades ou mesmo em bairros próximos.
Em 2023, Meijer admitiu no tribunal que foi responsável por pelo menos 550 filhos. No entanto, nem todos os bancos de esperma são obrigados a revelar o número de nascimentos a partir das amostras. Assim, não é possível saber ao certo quantos filhos suas doações geraram. Porém, ele acredita que sejam cerca de 600.
De acordo com o jornal britânico The Independent, com 500 filhos, em 100 anos, ele poderia ter 15 mil descendentes. Uma das entrevistadas, Natalie, disse à publicação que a grande preocupação das famílias é o risco de incesto. Já sua parceira, Suzanne, ressalta que o ocorrido é um risco à saúde pública, especialmente se os filhos se tornarem doadores também.
Natalie e Suzanne, encontraram Meijer online. Elas só descobriram sobre seu número de doações após lerem no jornal sobre um doador que excedeu o limite de 25 filhos da lei nacional holandesa. Em um grupo de mães que receberam as doações de Jonathan no Facebook, elas ficaram chocadas com as semelhanças entre as crianças.
“Não é que estejamos preocupados que nosso filho não seja único, mas é sobre as implicações disso. Se as crianças se conhecerem mais tarde na vida, elas podem se achar romanticamente atraentes — e depois?”.
“É mentira!”
Ao The Independent, o “homem com mil filhos” disse que parou de doar para novos receptores em 2019. Ele também negou a acusação de que teria juntado seu sêmen com a de outro doador, Leon (pai de 415 filhos), antes de doá-lo a um receptor para ver quem “ganharia”.
Além disso, ele também negou que estaria tentando “espalhar o gene branco” pelo mundo, para “descolorir” a África, como mencionado no documentário.
Assista ao trailer do documentário “O Homem com Mil Filhos” abaixo: