Reformadores do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, encontraram um jogo de xadrez de papelão de 80 anos, em boas condições, sob o assoalho do antigo campo de concentração. A descoberta em meados de março traz indícios da vida dos prisioneiros dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao todo, 35 quadrados de papelão foram encontrados sob as tábuas do piso no Bloco 8. Eles tinham ícones desenhados para representar as peças do jogo. Apesar de incompleto, o item irá para a coleção do museu, de acordo com o portal All Things Interesting.
“Vários desenhos podem estar um pouco borrados, mas as imagens de torres, peões, bispos e cavalos ainda são facilmente distinguíveis”, disse Elżbieta Cajzer, chefe das Coleções do Museu, em um . “No entanto, o conjunto está incompleto, e algumas casas não têm mais vestígios do desenho. Nossa avaliação mostra que os objetos estão em bom estado de preservação. Eles agora serão submetidos a tratamento de conservação”.
“As peças de xadrez descobertas são únicas, pois foram criadas a partir de papelão pré-fabricado de uma forma relativamente primitiva. Presumimos que o foco não estava nas qualidades estéticas, mas na funcionalidade, na portabilidade fácil e na ocultação rápida”, acrescentou.
Nova exposição no museu de Auschwitz pode incluir o xadrez
Em breve, o Museu de Auschwitz receberá uma nova exposição, “Evening Time” — que deve mostrar a nova descoberta no próprio Bloco 8. O tema retratará assim os curtos períodos “livres” que os prisioneiros tinham à noite.
“Já temos um tabuleiro de madeira e um peão. Eles ajudam a entender o desejo irresistível de escapar da dura realidade do campo”, completou Magdalena Urbaniak, da equipe da Nova Exposição Principal do Museu. “Os prisioneiros tentavam passar o tempo livre jogando vários jogos, entre outras coisas. Xadrez e cartas eram jogos populares que as pessoas podiam fazer usando pedaços de papelão ou madeira adquiridos ilegalmente”.
Um sobrevivente do campo, Jan Dziopek, estava entre os que criaram peças de xadrez enquanto trabalhavam na carpintaria do campo.
“Eu tinha muitas ordens, até mesmo de homens da SS [Schutzstaffel]. No entanto, eu estava relutante em cumpri-las. No entanto, eu tinha que cumprir suas ordens porque, sob o pretexto de trabalhar para eles, eu poderia atender aos pedidos dos meus colegas, que me pagavam com rações de pão ou sopa de acampamento… Não vou entrar em detalhes sobre o número de vezes e quantas chicotadas recebi por isso. Como eu não podia mexer no depósito por medo de ser pego, criei um esconderijo secreto no sótão e transferi todas as ferramentas necessárias do depósito. Fiquei mexendo lá por horas”, disse.
Em 2020, ferramentas de prisioneiros foram encontradas escondidas em chaminé de Auschwitz. Leia mais no Giz Brasil.
Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.
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