Treta: Jeff Bezos contesta decisão da Nasa de escolher a SpaceX para missão Artemis
A Blue Origin parecia a escolha lógica. A empresa trabalhava independentemente em uma sonda desde 2017; seu design para a sonda parecia sensata e segura (se não excessivamente conservadora); e seus três parceiros da indústria acumularam muita experiência na indústria aeroespacial. Mas a Nasa optou pela SpaceX, concedendo um contrato de US$ 2,9 bilhões para a empresa liderada por Elon Musk.
— Elon Musk (@elonmusk)A resposta de Musk ao último protesto é típica do que esperamos do bilionário. “Não consegue colocar em órbita, lol”, ele em resposta a uma publicação do repórter Kenneth Chang do New York Times. Musk estava se referindo ao fato de que a Blue Origin ainda não colocou um foguete na órbita da Terra, o que é tecnicamente verdade (o da Blue Origin faz viagens ao espaço suborbital, e o foguete de dois estágios New Glenn ser lançado até o próximo ano). Não contente em parar por aí, Musk uma imagem de uma maquete de sonda lunar da Blue Origin, incluindo as palavras “BLUE BALLS”. Musk deve se sentir no direito de se gabar assim, dada sua relação aparentemente cômoda com a Nasa. O confiável e reutilizável foguete Falcon 9 está frequentemente entregando carga da agência espacial ao espaço, enquanto seu CrewDragon agora envia astronautas à Estação Espacial Internacional . A Blue Origin, por outro lado, ainda tem muito a provar — embora seus três parceiros neste projeto de módulo lunar sejam muito confiáveis. Ao mesmo tempo, a solução da SpaceX para o módulo lunar apresenta uma estratégia muito arriscada. A empresa de Musk deve agora provar tecnologias não comprovadas, como reabastecer um foguete no espaço (isso nunca foi feito antes), realizar a aterrissagem vertical de um foguete na superfície lunar (também nunca foi feito antes) e, em seguida, decolar novamente (sim, você já sabe — nunca foi feito antes).
Concepção artística do módulo de pouso da SpaceX na superfície lunar. Imagem: SpaceX
Mesmo assim, a Blue Origin não desiste da luta e a empresa ainda quer participar da Artemis. A empresa está alegando que foi prejudicada pela Nasa e que a agência espacial precisa reconsiderar. O que é interessante aqui é que a Blue Origin pode realmente sair ganhando. Durante o processo de licitação, a Nasa indicou sua “intenção de fazer duas concessões”, mas devido a “deficiências percebidas nas dotações orçamentárias futuras disponíveis e previstas”, a agência espacial decidiu ir com um único fornecedor, de acordo com a carta de protesto da Blue Origin. A empresa argumenta que a decisão da Nasa ameaça eliminar a competição e efetivamente impede “o desenvolvimento e lançamento imediato e futuro do sistema de pouso lunar e oportunidades de pouso lunar”. A Blue Origin está essencialmente afirmando que a decisão da Nasa levará a uma espécie de monopólio no que diz respeito ao desenvolvimento de landers lunares, apesar das alegações da agência espacial de que outros fornecedores serão contratados mais adiante, à medida que o projeto Artemis evoluir.A Blue Origin estabeleceu o preço de seu lander em US$ 5,99 bilhões, enquanto o custo do lander da SpaceX é menos da metade disso, em US$ 2,91 bilhões. Bob Smith, CEO da Blue Origin, afirma que a Nasa permitiu que a SpaceX renegociasse o preço, mas não ofereceu o mesmo à Blue Origin, o New York Times.
A empresa também alega que o processo de seleção foi malfeito, pois a Nasa mudou as regras do jogo no final do processo, “devido à falta de financiamento não revelada e percebida para o ciclo de vida do programa plurianual”, conforme a Blue Origin escreveu em sua carta de protesto, acrescentando que a avaliação da proposta da Blue Origin pela Nasa foi “falha e irracional”. De fato, , a Nasa havia afirmado que a “proposta da Blue Origin tem mérito e está amplamente alinhada com os objetivos técnicos e de gestão estabelecidos na solicitação”. Apesar disso, a agência espacial não escolheu a Blue Origin para o contrato porque a sua proposta “não apresenta valor suficiente para o governo quando analisada de acordo com os critérios e metodologia de avaliação do edital”. A Nasa não está respondendo às solicitações da imprensa sobre o assunto, que “não pode fornecer mais comentários devido a litígios pendentes”. Dinheiro, como tantas vezes acontece, parece ser o fator decisivo aqui. O Escritório de Responsabilidade do Governo Federal agora levará tudo isso em consideração e decidirá se a Nasa de alguma forma agiu de forma inadequada durante o processo de seleção. A agência tem 100 dias para se pronunciar sobre o assunto. É difícil saber o que vai acontecer daqui pra frente, mas o módulo lunar de Bezos ainda pode ter outra chance.