O James Webb acaba de estudar um exoplaneta que tem noite e dia eternos. Ou seja, não existe um “nascer” ou “pôr do sol” neste planeta. A estrela fica parada no céu eternamente.
O exoplaneta em questão é o WASP-39b, um enorme planeta gasoso que fica bem longe da Terra, a 700 anos-luz — sendo um pouco maior que Júpiter.
As variações climáticas do exoplaneta são extremas e ocorrem simultaneamente. Enquanto um lado do exoplaneta WASP-39b recebe luz permanente, o outro é a escuridão que reina. Ironicamente, o lado escuro chega a ser 148 °C mais quente que o lado claro.
Cientistas usaram dados das observações da câmera de infravermelho NIRCam do James Webb para explicar esse fenômeno curioso. Assim, eles conseguiram comparar a luz que chegava à atmosfera do exoplaneta conforme seu movimento em frente da estrela.
Noite eterna: explicação
O motivo pela noite eterna do exoplaneta é porque ele está muito próximo de sua estrela, ficando com a rotação travada gravitacionalmente. Ou seja, o período de rotação tem a mesma duração da translação.
Portanto, um lado do planeta sempre está de frente para a estrela. É o mesmo fenômeno que acontece com a nossa Lua, que tem o mesmo lado virado para a Terra.
Mas, curiosamente, o lado claro do exoplaneta não é o lado com calor extremo. De acordo com um estudo na última segunda-feira (15), os dados do James Webb mostram que, conforme os gases são aquecidos no lado claro, há a formação de ventos poderosos que ultrapassam milhares de km/h e acabam chegando no lado escuro.
O resultado é uma noite não apenas eterna, mas extremamente quente, com temperaturas que chegam a 780 °C. Essa temperatura é suficiente para derreter toda a pele do corpo humano em um segundo.
Similarmente, o lado claro recebe ventos frios e tem mais nuvens, então a temperatura é um pouco menor. Além disso, como há uma espécie de “muro” com o lado escuro do exoplaneta, o lado claro costuma ficar nublado.
De acordo com cientistas, não há dados sobre como essas nuvens afetam a temperatura.
WASP-39b foi descoberto em 2011. Porém, somente agora é possível estudar em detalhes o exoplaneta. De acordo com o coautor do estudo, James Kirk (não aquele de Star Trek), o James Webb pode ajudar a compreender e analisar a circulação atmosférica de exoplanetas graças à imensa precisão do telescópio.